domingo, 8 de julho de 2012

Banjo e ruas II - Uma mini turnê pelo interior




Alô, alô!
Estava com saudades de escrever coisas maiores no blog, e nada melhor do que fazer isso agora, já que tenho assunto o bastante hehehe.

Como vocês já devem saber, sigo em frente com minha prática de tocar banjo nas ruas. Fiquei um bom tempo sem fazer isso aqui em Salvador nos últimos dias, por conta de tanta chuva.. e me faltou tempo - quando fazia sol. Já vinha com uma vontade de fazer o mesmo por uns cantos do interior da Bahia, com muita curiosidade de como poderia ser tal experiência. Aproveitei minha semanazinha livre e resolvi mandar ver!
Conversei com meu irmão (Tantão) sobre a possibilidade dele me acompanhar, já que viajar com companhia sempre faz bem e eu também precisaria de alguém para registrar essa minha primeira "turnê" hehe. Ele topou e fomos!
Fizemos uma pequena rota: Monte Santo - Euclides da Cunha - Tucano. Três cidades, ao meu ver, bastante diferentes!

A primeira parada foi na cidade de Monte Santo, um lugarzinho pequeno e parado, mas muito bonito - é cercado pela famosa serra religiosa onde a série 'O pagador de promessas' foi gravada. Claro que a primeira atitude foi procurar um canto para almoçar e dormir (um hotel sem travesseiros, ventilador quebrado, banheiro sem luz). Depois que as burocracias da vida foram resolvidas, peguei o banjo e andei pela cidade, em busca de um lugar que eu achasse bom para tocar. Mesmo em plena tarde, meio de semana e comércio aberto, as ruas não pareciam tão movimentadas - um típico cenário tranquilo e meio tedioso de interior, mas sem dúvidas agradável. Fazia um frio bastante prazeroso e caia uma chuva fina. Sentei-me numa das praças e comecei a tocar.
As pessoas pareciam me olhar com desconfiança e as que me viam/ouviam ficavam de longe. Não me importa muito o fato de não receber grana dos outros, isso é só um detalhe (apesar de ser bom haha), e só de saber que eu pude levar até lá algo diferente do rotineiro, já me deixa feliz. A cara de desconfiança das pessoas, em todos os lugares que toquei, vinha disso, acredito eu. Depois dum tempo resolvi ir para outra praça e lá toquei menos, mas tive o prazer de conhecer uns guris que logo se juntaram mais umas pessoas (dentre elas Vavá, que conhecemos no restaurante e conversamos de noite, gente boa). Pude vender 3 cds, pra quê melhor? hahahaha (Uma pena terem sido os únicos 3 que eu tinha levado, eu devia ter me ligado e levado mais...)
(No dia seguinte subimos a serra, uma caminhada bem cansativa, mas bastante prazerosa e divertida).

Acho que o melhor lugar mesmo foi Euclides da Cunha, nosso segundo ponto. Além de ser uma cidade bem bonita e organizada - a mais desenvolvida das três -, as pessoas eram mais abertas. Toquei no centro, no comércio, e foi muito bom perceber a reação das pessoas, tenha sido pelo olhar, pela conversa comigo ou pequenos fatos como, por ex., um senhor ter me dado 2 reais e ele mesmo ter pego o troco de 1,50 no meu case; ou um outro senhor ter me dado 2 reais de moeda e pegar o mesmo valor em cédula; ficou também do meu lado, por um bom tempo, um senhor cheio de tiques e que depois me agradeceu por eu estar ali com meu estudo, simpatia e música (e me pediu 20 centavos pra comprar cachaça). Várias pessoas pararam para falar comigo, qualquer coisa que fosse, e isso pra mim é único! É o que faz valer de fato, pra mim a verdadeira preciosidade de se fazer algo assim.

                                             ("Que viola istranha é essa, sô?")

Em Tucano o que eu mais fiz, de fato, foi comer. Um lugar pequeno, um pouco estranho, é verdade, mas igualmente agradável. O centro é bastante espaçoso e disperso, dificultando concentração de gente. Tirando uma pessoa ou outra sentada na frente de uma loja ou outra, eu só vi moto taxi nas ruas. Não senti a 'energia da emoção' para tocar e resolvi não fazer, influenciado também pelo fato de não aguentar mais levar o maldito e pesado case pra cima e pra baixo. O negócio lá foi: pizza, sorvete, torta, salgados e risadas.


                                    (30 centavos - e eu tocava a música '17 cents')


Depois de passar tanto tempo tocando, descobri que preciso renovar meu repertório.. minha disposição para tocar está passando de 3 horas de duração por tocada, para 1:30.. é o ouvido cansando, precisando de coisa nova hahahaha!

Agora deixo uns vídeos aqui, e espero que vocês gostem!








Abraços e até a próxima!

12 comentários:

  1. qdo eu ñ tinha D tuners,fazia aquela parte de Flint Hill com slde de baixo pra cima....ficava tosco.Bem legal,Tabhair!

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    1. Poisé rapaz.. eu fazia desafinando mesmo. mas nao dava muito certo.. ou a corda quebrava ou nao afinava perfeitamente no meio da musica!

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  2. hahahah Gigito, que histórias legais! Me acabei com os causos de Euclides da Cunha! kkkkkk Muito rica sua viagem, espero que venham outras e quem sabe a gente possa pegar carona contigo pois tenho muita vontade de esticar por aí no interiorzão, assim de boa!
    (E agora que tu tá "iniciado" na marvada que passarinho não bebe... a pizza de Tucano vai cair melhor! rsrs)

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  3. Uau, venha tocar Flint Hill Special em MG, prometo não pedir dinheiro 20dinheiros pra cachaça! rs
    Demais!!!

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    1. òi que eu vou! Já tenho vontade de conhecer MG, ir pra tocar ainda.. seria ótimo! hahahah

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  4. Gigito, Parabéns!
    Quando estava em Coité, Nalyni comentou comigo desta sua ideia de viajar por estas cidades tocando banjo nas praças, bancos e calçadas! Achei fascinante e poético - e porque não dizer de um fulgor estético!
    Lendo agora seu blog, esta postagem falando da viagem, fiquei encantado novamente, sua música e suas histórias 'alumiaram' a minha mente e tenho certeza que dormirei muito mais contente.
    Parabéns, músipoeta!
    "...Todo artista tem que ir aonde o povo está" MN

    Milton Nascimento - Nos bailes da Vida

    Foi nos bailes da vida ou num bar
    Em troca de pão
    Que muita gente boa pôs o pé na profissão
    De tocar um instrumento e de cantar
    Não importando se quem pagou quis ouvir
    Foi assim

    Cantar era buscar o caminho
    Que vai dar no sol
    Tenho comigo as lembranças do que eu era
    Para cantar nada era longe tudo tão bom
    Até a estrada de terra na boléia de caminhão
    Era assim

    Com a roupa encharcada e a alma
    Repleta de chão
    Todo artista tem de ir aonde o povo está
    Se for assim, assim será
    Cantando me disfarço e não me canso
    de viver nem de cantar

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    1. valeu eder!! muito bom ler este teu comentario! abração!

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  5. na próxima vez a ideia é fazer um curta doc dessa aventura sertogaelica!

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  6. Será que você tem completa noção da coisa extraordinária que está fazendo? Parabéns!

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  7. Sempre que tenho oportunidade mostro essa postagem pra alguém, principalmente quando o assunto "música-'on the road" vem a tona e ficamos pensando como seria colocar os instrumentos nas costas e sair por aí por lugares que a gente nunca nem pensou. Acho uma jornada mega válida e bonita. Pena que os vídeos são curtinhos.
    Mas, muito bacana!!!Parabéns!

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