terça-feira, 28 de agosto de 2012

A primeira vez que eu vi um Bouzouki pessoalmente


Eu estava na rodoviária, rumo a mais uma viagem para Coité. Para quem não sabe, é a cidade onde vivi até os 17 anos e onde meus pais ainda vivem hoje. Era mais uma ida, que consistia resumidamente numa sequência de acordar cedo e com sono, chegar na rodoviária, comprar passagens, esperar o ônibus,, ligar o mp3, dormir na segunda música, ficar entre um sono e uma vigília zonza e chegar em Coité – sempre com uma dor de cabeça. Dentre todas as etapas eu havia acabado de comprar as passagens. Faltava ainda um tempo, talvez meia hora, para o ônibus chegar, então resolvi passar no supermercado que tem lá mesmo para comprar alguma comida.
Já na fila, com alguma barra de cereal na mão – provavelmente -, tive uma surpresa ao ver um cara alto, com o rosto meio ossudo, com pulseiras imensas e roupas diferentes (roupa de gringo viajante). Não posso ter certeza absoluta da fisionomia do cara, mas é assim que minha memória guardou para si. Porém, o mais importante mesmo era o que ele tinha carregando consigo, além de uma mochilona. Era um case de um instrumento, certamente de cordas, mas com o corpo arredondado. Eu só pude pensar “Será um bouzouki?”. Fiquei ali por vários minutos fitando o instrumento, tentando desvendá-lo através de uma visão raio-x que me fizesse comprovar o que era por dentro do case. O cara foi atendido. Havia comprado um saco de pães e lembro que não havia conseguido colocar na mochila, até que resolveu amassar bem todos e, ainda assim, colocar com um certo esforço. Ele saiu do supermercado. Eu ainda estava na fila e, claro, pensando no instrumento.
Acho que conheci o Bouzouki através do Planxty, tenho quase certeza. Era meio mágico para mim, aquele som meio misterioso: não era violão de 12 cordas, nem bandolim, nem viola... mas tinha um timbre que me levava a pensar nesses instrumentos. Desde então sempre quis ouvir um bouzouki pessoalmente, e quem sabe tocar!
Ao pagar minhas comidas fui andando em direção ao terminal do meu ônibus. E vi logo à minha frente o cara e seu case misterioso. Não poderia mais perder uma chance e falei com ele. “Fala português?”, ele compreendeu o que eu disse, mas percebi que não falava muito bem. Era francês. Perguntei se falava inglês, e ele disse que sim. Falei no meu inglês style, “Que instrumento é esse?” ('Wati instrumenti is dat?' - Não me importo tanto se meu inglês é perfeito em todas as frases, ou se as vezes troco a ordem das palavras – mestre Yoda -, em certos contexto o que importa é que o outro vá catando uma palavra aqui, outra ali, e entenda o que quis dizer mesmo hahahaha – já tive muita conversa filosófica com gente estrangeira assim e deu certo hahaha), “Bouzouki” - respondeu. E para a minha surpresa foi tirando o instrumento do case. Era um modelo grego, belíssimo! Com todos aqueles arranjos mágico que só o bouzouki grego tem. Fiquei maravilhado ao ver o primeiro bouzouki da minha vida, pessoalmente. Falei qualquer coisa como “Hmm, to play irish music.. like a big mandolin!” (“Ahh, para tocar música irlandesa.. como um grande bandolim!”). Ele confirmou e foi colocando o bouzouki no case novamente e foi uma pena não ter tocado nada. Me disse também que tocava flauta e sax. Eu também falei qualquer coisa que não durou muito e dei tchau (“Ok man! We had a great conversation here, oh my god! Hahaha, amazing, man! Very fucking nice, i have to go now! See you on the next, guy! Be careful, Brazil is full of gangsters! Hahaha Ok man, bye” - para quem não entende minhas piadas: eu não falei isso). Sai pensando no bouzouki e durante alguns segundos me veio uma pensamento típico de guri que deseja algo que acabou de ver: imaginei o cara me chamando e falando que o instrumento estava lhe atrapalhando viajar, por ser muito peso e incomodo levar, perguntando se eu não queria ficar com ele e que podia comprar outro quando voltasse para a França. Enfim.. desisti do pensamento, mas não deixei de me divertir em crer vagamente que isso poderia acontecer – e levando um pouco a sério. Lá vinha meu ônibus e tão logo eu estava dormindo com o mp3 ligado, confirmando a seguinte etapa.
Demorou mais ou menos uns três anos para que eu pudesse tocar em um e depois mais alguns meses para que eu pudesse ter não somente um, mas dois belos bouzoukis. Duas felicidades na minha vida!

Novidade - Crônicas

Alô, galera!
Passo rápido para informar que vou colocar no blog uma nova seção que será composta por crônicas de minha autoria. Estarão todas relacionadas com música e, mais especificamente, com experiências minhas.
O blog conta também com páginas de filtro, logo acima da imagem da capa. Então quem quiser ver somente músicas, clica lá. Quem quiser ver somente crônicas, só clicar também. E tem a opção 'Tudo' para quem quiser... (complete) (Resposta no final do post).

É isso aí! Já tem direcionei duas coisas como crônicas para lá (o texto de criação do blog e o post 'Banjo e Ruas', sobre minha mini turnê pelos interiores). Acho que hoje, ou amanhã, ainda posto alguma crônica nova por lá.

Abraços e até logo!

(R: ver tudo)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Naceresö - Mais uma inspirada nos Tuaregs

Alô, alô!
Cá estou com mais uma música. Depois de postar tantos vídeos, tô tentando voltar ao ritmo de gravar e postar músicas novas aqui pra vocês.

Hoje venho com mais um 'Rock dos Desertos'! Como já falei aqui, sempre curti o som dos "Tuareguenses" (hahaha) Tinariwen e Tamikrest. Depois de fazer a 'Zanaretu Ralnatu', sempre fiquei na vontade de fazer mais coisas inspiradas nesse mesmo conceito. Depois de um bom tempo na vontade, acabou saindo 'Naceresö'. Lembrando que é uma língua inventada (veja mais no link ali em cima). A idéia é simular um outro canto, mas estou começando a gostar da idéia de fazer mais músicas - e cantadas em português, quem sabe! Acho que cairia bem, também.
Eu tenho ainda uma leve suspeita de que essa língua inventada não cai tão bem. Fica meio ingênuo e, na minha opinião, engraçado (mas se Christian Vander fez isso, porque não posso também? hahaha). Por ex.: nessa música tem palavras como "Oestopiri" e "Plenitudomar", e acho elas bem engraçadas. Que ***** de palavras são essas? hahaha Como eu já disse no outro post, a letra é escrita em português primeiro, isso significa que elas tem significado.

Essa música fala sobre o amanhecer e o renascimento constante do sol. 'Nasceresö' significa justamente o sol que renasce. Sempre achei muito prazeroso ficar acordado para ver o sol nascer. A primeira vez que isso aconteceu fiquei surpreso quando olhei pela janela e o céu já estava cinza claro, uma cor única. Os primeiro clarões da manhã são ideais para se sensibilizar e sentir, como diz a própria música, a plenitude e todos dentro de si. Deixando um pouco de lado a pressão meditativa, vamos para a música mesmo. Está aí embaixo:
       
Naceresö

Gostei do resultado, mas algo ainda me impede de levar ela 100% a sério. Ainda há uma insegurança misteriosa no ar! De qualquer forma acho válido, e pretendo fazer mais coisas do tipo. Em breve venho com mais!

Abraços e até a próxima!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Spread Thy Wings

Olá!
Fiquei muito ausente do blog, mas já estou vindo com algumas novidades. A de hoje é essa belíssima música (já é um chavão do meu blog isso), que conheci no cd 'Beyond the Stacks' (Aly Bain & Ale Moller). Ultimamente venho pesquisando bastante coisa do companheiro de bouzoukiadas Ale Moller. Sempre achei seus acompanhamentos impressionantes, e custei acreditar que se tratava de um só Bouzouki (ou mandola, que é como ele chama.. isso varia mesmo de como chamar, acho.. aliás o modelo do instrumento dele é diferente, fico bastante curioso pra saber exatamente o porque.. enfim, não vou entrar em detalhes).
Essa música é muito poderosa (outro chavão?). Desculpe-me se sempre acabo repetindo meus comentários, mas não posso deixar de falar estas coisas quando a música merece. Vou concluir, então numa celebre frase: 'Essa música não é pra ser ouvida! É pra ser respeitada!'
"Spread Thy Wings", (algo como "Abra tuas asas") tem uma introdução somente executada pelo Bouzouki, e depois entra com o violino. Com minha "pesquisa" mais a fundo em relação ao estilo de Ale Moller, resolvi tirar a sua versão dessa introdução. Deu no que deu, aí embaixo. Ficou bonito. Não está uma execução perfeita. Ainda falta uma magia nisso aí, mas gravei mais para compartilhar com vocês. Não deixa de ser bonito, ainda assim.
(Dei o cd do Aly Bain e Ale Moller para minha mãe e essa é a música predileta dela).

Spread thy wings

Espero que goste! Comente, compartilhe, etc etc!
Acredito que amanhã tem mais um post novo por aqui.

Abraços!