domingo, 18 de novembro de 2012

When first to this country a stranger I came

Olá!

Descobri essa música ontem, numa incrível e única interpretação do grupo Planxty (o melhor grupo que já existiu). É um vídeo e execução que só a década de 70 mesmo que poderia conceber - na minha opinião foi a época mais rica para a música.

'When first to this country' é uma música americana de uma beleza imensa, seja na melodia ou na letra. "Quando cheguei pela primeira vez nesse país, eu era um estranho/ eu cortejei uma empregada, Nancy era o seu nome". Apaixonado por Nancy, e não tendo seu amor correspondido, o personagem rouba um cavalo (não fica claro na música o porque, mas lendo algumas interpretações e outras versões de letras, o que se entende é que tenha feito isso para impressionar Nancy). Os guardas o perseguem e o capturam. Levam-no para a prisão, raspam o seu cabelo e dão muita porrada ("Bateram-me e me espancaram, e me alimentaram com feijão seco"), até que o personagem deseja, para sua própria alma, nunca ter sido um ladrão. Acho a letra sensacional, não só pela história em si - que carrega um ar tão triste, junto com a melodia -, mas pelas coisas ditas como mostrar que Nancy era uma empregada, que ele andava dia e noite na esperança de vê-la, que fora alimentado por feijões secos, etc.
Há versões da letra que mudam do feijão para um bife, o nome do dono do cavalo roubado (Captain Grey, Captain William White) e alguns detalhes a mais ou a menos. (Acho que estudar o porque da troca de alguns nomes seria interessante. Em parte, é claro, por serem músicas de uma tradição, em seu princípio, oral. Mas porque em uma é o capitão Grey, na outra é William White? Será que tem relação com uma adaptação ao lugar que estava sendo cantado?)


Deixando de falar, aqui está minha versão (Eu uso o clawhammer banjo, bandolim, violão, baixo, bouzouki e voz):


When First To This Country


Deixo também o vídeo do Planxty tocando maravilhosamente:

 



 Abraços, até a próxima!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Lost Indian II

Olá a todos!

Hoje venho com uma música que já apresentei aqui faz um tempo. É Lost Indian, e você pode conferir o post/vídeo que gravei tocando ela aqui. É uma fiddle tune bastante bonita, com uma história interessantíssima. No antigo post, conto resumidamente a história dela. Vou colocar aqui mais detalhadamente: (Retirei essa tradução do blog do amigo do banjo 'O Bardo e o banjo'):

Lost Indian - A Lenda
originalmente tirada de http://www.fiddlerwoman.com/id69.htm

“Existe uma lenda sobre a música “Lost Indian” que remonta aos primeiros dias de navegação pelo rio Mississippi.
Diz a lenda que havia um violinista que tocava para os viajantes dançarem em um barco particular. A primavera chegou e o rio transbordou, levando um monte de sujeira (terra, pedaços de madeira e outras coisas para dentro do rio).

Um dia, o violinista estava tocando uma música, sem nome até aquele momento, quando ele viu um índio lutando para sobreviver agarrado a um tronco de árvore enquanto a correnteza forte o puxava. O índio sabia que ele estava perdendo a luta contra o rio e deu seu grito de morte - um grito estridente pontuado por uma série de gritos que podiam ser ouvidos pelas pessoas no barco e, especialmente, o violinista. O violinista assistiu o índio se afogar e morrer.

O músico ficou tão abalado por aquilo que havia testemunhado que enlouqueceu. Dizem que a única música que ele conseguia tocar depois do incidente era a musica que estava tocando quando viu o índio se afogar. Dizem ainda que quando ele tocava a música acrescentava o choro de morte do índio à melodia.

Hoje a canção é conhecida como “Lost Indian”. Uma parte importante da música é a adição do choro agudo e gritos do índio, que se realiza, com um slide em certos pontos da música.

A música tem viajado por todo os Estados Unidos e Canadá, e fez o seu caminho através dos oceanos. A canção é executada de diversas formas e existem variações sobre a melodia, mas todos incluem o lamento da morte do índio.”

Com essa triste história, seja verdade ou não, como plano de fundo, deixo aqui embaixo a música que, por sinal, ganha ares bem sérios para uma composição tão simples como essa:

  Lost Indian 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

You're bound...

...to look like a monkey when you get old!


Algo como "Você vai parecer um macaco quando ficar velho" (Será que minha tradução está certa?). Ou então "Você corre o risco de parecer um macaco quando ficar velho", enfim.. por aí!

Estou agora na onda do Bluegrass aqui no blog. Na verdade já toco banjo/bluegrass faz um tempo, mas nunca gravei nada e coloquei no blog, pois nunca consegui gravar de maneira satisfatória o banjo - sempre ficava péssima, a captação. Ainda bem que fui aprendendo formas legais de captar e acho que agora está no ponto. Por isso veremos algumas canções desse tipo por aqui, a partir de agora (também estou gravando várias das músicas do meu repertório bluegrass/banjo para fazer um cd e vender junto com minhas performances na rua).

Trago hoje uma canção bem legal e bem divertida. Seu nome: You're bound to look like a monkey when you get old (Ou só 'When you get old'). A letra, em suas diversas versões, fala de como nós nos parecemos com o macaco e como corremos o risco de ficar parecidos com um, na velhice - "Posso dizer que pelo seu cabelo há algo de macaco em algum lugar", "Posso dizer pelo seu rosto que você pertence a raça do macaco" etc. Essa é uma música bem antiga e já li interpretações mais informais (via comentários do youtube) que dizem que a letra é racista, pois se refere dessa forma aos negros. Não consegui encontrar informações concretas sobre a história dessa música, muito menos algo que confirme essas leituras. Aliás, em nenhum momento da música há algum apontamento que esteja se dirigindo aos negros. 

Aí vai, espero que gostem:

When you get old


Também deixo uma versão do Hank Penny, que se aproxima do estilo mais, digamos assim, original:






 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Homem sem fim

Olá, pessoal!

Trago hoje uma música própria - após algum tempo só com arranjos e versões. Fiz essa música no banjo e na voz já faz um bom tempo (1 de out. de 2011). Foi a época que mais estudei banjo na minha vida: havia ganhado no início do ano e passava horas seguidas estudando. Acho que me desenvolvi rápido no instrumento e achei que toda sua sistemática diferenciada ia me fazer desistir em algum momento. Ainda bem que não! Ficar dedilhando no banjo é algo que as vezes hipnotiza e vicia de verdade...!

Na época que eu criei 'Homem sem fim', eu pensei em tocar usando a técnica do Clawhammer, que, na minha opinião, em formatos solo - tocar e cantar ao mesmo tempo - é o que fica melhor, pois dá pra fazer meio que uma melodia e acompanhamento ao mesmo tempo. Porém nessa música acho que tocando dedilhado, no esquema Scruggs mesmo, soou melhor. Sempre gostei muito dessa melodia e letra. Em tom de lamento, é um homem que fala de sua eternidade, conta dos amigos que já teve, das garotas que amou e, sem saber o porque, diz que a morte o esqueceu aqui. É uma letra breve, até porque não sou muito bom de letras e prefiro não arriscar muito, mas acho que fala o bastante.

Nessa gravação eu uso uma formação bem comum nos conjuntos de Bluegrass: violão, baixo, banjo, bandolim e voz. Gostei de como tudo soou, mas peço que quando for ouvir dê um desconto na minha triste voz e cansada de um homem que cantou por toda a eternidade e não sabe mais o que é afinação, hahahaha. Me esforcei para cantar bem.. não saiu perfeito, mas acho que dá pra ter uma ideia de como é tudo. Curta as desafinações aí e use seu auto tune interno, hehehehe.

Espero que goste. Vou deixar a letra abaixo também:

Homem sem fim

Eu não sei da onde vim
e não sei mais quem eu sou 

a morte esqueceu de me levar
eu sou um homem sem fim 


Muitos homens conheci
tantas garotas pude amar
quantas vezes eu sofri
eu sou um homem sem fim
 

Tive amigos que perdi
quanta tristeza eu senti
já não sei mais o que é amar
eu sou um homem sem fim

Não há mais nada que eu possa gostar
são tantos anos, já me esqueci
a vida de todos eu já vivi
e ainda sou um homem sem fim .


Também vou deixar um vídeo das antigas que gravei assim que fiz a música, tocando Clawhammer, voz e barba de mendigo:










Até mais, espero que tenha gostado!

 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Farewell To Whalley Range II - Uma nova versão

Alô!

Hoje estava em umas das minhas tantas animações para estudar flauta. Vi minha flauta irlandesa guardada em seu case, durante tanto tempo... deu aquela vontade de aproveitar o dinheiro gasto e pensei "Vou estudar a sério agora!". Só que, por conta do imenso calor que está, em uma das partes dela uma cola está soltando. Isso quer dizer que não pude nem montá-la. Me contentei com minha Tin Whistle e toquei, acredito eu, a única tune que sei tocar nela no momento: Farewell to Whalley Range. Vou evitar maiores comentários, pois já tenho uma versão dela que gravei. Você pode conferir aqui.

Resolvi fazer um novo arranjo, mais aprimorado e um pouco mais fresco (de frescura mesmo) hehehehe, mas ficou bem bonito - na minha opinião.
Utilizei o violão, bandolim, tin whistle e bouzouki. Fiquei um pouco sentido por não ter usado o bouzouki e, ouvindo depois, acho que ele caberia bem aí no meio. Desculpa, bouzouki... na próxima você estará!

Espero que goste e deixo uma pergunta: de qual versão você mais gostou?


Farewell To Whalley Range

Abraços e até mais! Essa semana ainda posto alguma coisa por aqui! 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Gruncharsko Horo/Baker Dozen

Olá, mais uma vez!

Hoje gravei duas incríveis - sem palavras! - tunes balcânicas. Pude ter a oportunidade e o prazer de ouvi-las no cd 'Rain on the roof', do meu maior ídolo Andy Irvine. Aliás, foi ele que me levou para esse lado balcânico-búlgaro da música, pois sempre faz interpretações maravilhosas e, na minha opinião, com uma beleza muito específica, que me faz preferir suas versões às versões tradicionais. Eu posso me sentir totalmente contente ao estudar músicas como estas. São um verdadeiro desafio, principalmente em relação ao ritmo deslocado.. sinto um prazer único e ao começar a estudar uma música assim não consigo fazer outra coisa durante o dia a não ser ficar tocando e tocando e tocando e tocando e tocando... eu me torno, de fato, um pouco obsessivo. Não tenho culpa, são tunes realmente encantadoras. Há uma energia infinita numa música como essa: as mudanças de modos menores para maiores, realizadas de modo direto; a rítmica frenética; os acentos deslocados; as melodias por si só; a falta de respiração; a convicção natural de certos fraseados, etc etc..

Nestas duas tunes usei o bouzouki, bandolim e percussão. Me divirto tocando percussão com minha técnica primitiva, mas no fim das contas dá algum resultado.
Minha versão está muito diferente da que Andy Irvine toca no seu cd, obviamente a intenção não é deixar tudo igual. Tomo uma como base e levo para frente com as minhas idéias.

Espero que goste e aproveite essas duas belas músicas como eu aproveito:


Gruncharsko Horo/Baker Dozen

Até a próxima! Abraços!

domingo, 14 de outubro de 2012

Bach e uma invenção a duas vozes (no4)

Olá, queridos leitores assíduos do blog (se é que tem)!

Em primeiro lugar, peço desculpas pelo exato um mês de ausência. Eu estava bastante ocupado todo esse tempo e não tive tempo nem de gravar nem de atualizar nada no blog. Estava totalmente dedicado a outros projetos e foi um mês de bastante produtividade, sem dúvidas!

Em segundo lugar, estou trazendo hoje uma música mais que especial: a 'Invenção no4', de um dos maiores compositores de todos os tempos.. Bach! Sempre fui maravilhado pelas composições de Bach, especialmente pelas invenções e fugas. Toda a movimentação criada por ele é incrível! Não quero entrar tanto em detalhes técnicos nem teóricos das suas invenções e fugas, porque não acho que seja interessante para quem lê (você, querido leitor assíduo do blog).

Lembro-me dos meus aniversários de criança, que sempre tinha como trilha musical as músicas de Bach - e era assim com os meus irmãos também -, enquanto eu procurava os presentes escondidos pela casa. Acho que desde então guardei uma admiração sem me dar conta por "João Sebastião". Foi na faculdade, estudando e analisando algumas de suas músicas, que me lembrei que o cara é demais! Então esses dias, anos após minhas análises, resolvi começar a estudar umas composições dele, em versões para meus instrumentos. Suas músicas são universais e se tornam um estudo completo para a técnica e rítmica de qualquer instrumento!
Resolvi gravar essa Invenção a duas vozes (isso quer dizer: duas 'melodias' - pense assim: uma aguda e outra grave - que se contrapõem o tempo todo, numa espécie de diálogo), e fiz isso numa versão para Bandolim e Bouzouki (levemente desafinado numa corda... prometo ficar mais atento a isso na próxima). Espero que gostem e comentem!

Aí vai:

Bach_Invenção no4

Abraços, e até logo! Não vou demorar mais tanto para atualizar isso aqui (é que arranjar uma música para cada post as vezes é complicado, hehehe)