quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Água Negra e alguns arranjos

Água Negra é o grupo de música irlandesa do qual eu faço parte e é formado, além de mim, por: Humberto, na percussão; Martin no violino e Pedro no acordeon. Em breve teremos como integrante também Luiza, que canta (e toca violão?) muito bem! Isso significa que, até agora, nosso grupo se dedica à música instrumental irlandesa - os reels, jigs, polkas, hornpipes, slip jigs, etc.
Tudo começou comigo e com Martin (na verdade tudo, tudo mesmo, começou beeeeem antes, quem sabe eu conte isso em outro post), que já vinhamos tocando ha um tempo juntos, e que estavamos nos concentrando para o Brazil Celtic Festival que iria ocorrer aqui em Salvador (e mais tarde na Irlanda!). Chegamos a conclusão de que precisávamos de mais músicos e assim chamamos Pedro e Humberto.
Martin vinha falando comigo sobre formas de se criar um interesse no público - algo que fosse além do violino e um acompanhamento - e deu a idéia de integrarmos alguns elementos não tão comuns à música irlandesa tradicional. Algo que principalmente a percussão daria o tom, e deu a idéia de usarmos alguns elementos brasileiros, inclusive. Sempre achei Martin um cara desapegado do 'mais do mesmo', com espírito em busca de novidade e feliz com novos resultados, algo que acho uma grande qualidade. Resolvemos apostar nisso e fomos formatando aos poucos cada música. Como podem perceber, algo que prezo e me interesso bastante é buscar um resultado que seja encontro de dois pontos distintos, musicalmente falando: de duas culturas distintas - nem que isso seja num plano mais abstrato como o da inspiração (emocional e racional), o que para mim é bastante importante para os resultados de minhas criações. 
Uma coisa muito boa neste caso é estar realizando um trabalho em conjunto, pois sempre vem idéias que surpreendem, por estarem fora de mim, dos meus pensamentos que já tanto conheço.
Algo que me deixou surpreso foi como certas melodias se encaixaram muito bem, não só no sentido de encaixe de compassos e tudo mais, mas é que elas realmente fizeram sentido no contexto geral. Como por exemplo Scottish Skinner, que tocamos como um xote e não é a toa que as duas combinam tanto, já que tem uma ligação real nisso tudo:
                                             (Vídeo incompleto, mas dá pra ter uma idéia)

Outra que acredito ter funcionado muito bem e que tenho como uma das prediletas é Toss the Feathers/Holly Bush. Tocamos Toss The Feathers com uma ciranda e Holly Bush com a rítmica típica do maracatu. Neste vídeo só temos, mais uma vez, um pedaço de Toss The Feathers e o iniciozinho de Holly Bush. 
                                                (Vídeo incompleto é f***)
Estes vídeos foram gravado na nossa apresentação no Sesc - Pelourinho, no Brazil Celtic Festival. Depois tivemos o prazer de nos apresentar na Irlanda, Dublin - juntamente com o ótimo Café Irlanda e Armandinho -, o que foi sensacional, desafiador e bastante importante, tendo em vista que foi nossa segunda apresentação, digamos assim, oficial. Sem contar do meu sonho realizado que foi conhecer a Irlanda, na medida do possível (1 semana e meia,  mas deu pra viver um pouco).

Ah! Em ambas apresentações tivemos a participação mais que especial de Kevin no Bodhran. Um ótimo instrumentista e pessoa! Aliás o Bodhran foi um instrumento que me surpreendeu muito mais do que eu imaginaria quando vi sendo tocado ao vivo, é demais!

Deixo logo abaixo também um áudio (completo!) da belíssima My Home e Kesh Jig, que fez parte do mesmo show.




Espero que tenham gostado e comentem!

Abraços, até mais!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Vídeo - Energia Interior

Baleia à vista!

Alô alô! Hoje, em meio ao absurdo calor, ao suor insistente, ao vento quente, ao problema de auto estima, de estar com quase todas as camisas sujas e me faltar um bigode, resolvi gravar um vídeo. Farei isso com mais frequência.

O vídeo de hoje é da música "Energia Interior", que já foi falada aqui! Uso um dos meus dois Bouzoukis, este encomendado pelo luthier Motinha, de Conceição do Coité, que corajosamente experimentou fazer, a meu pedido, esse bonito instrumento sem ter em mãos as medidas e nem conhecê-lo - somente com uma foto.
Me utilizo da afinação DGAD. Espero que gostem!



quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Jig, Velho e cansado e Corte de cabelo, fora um questionamento

Meu interesse pelos jig's irlandeses sempre foi maior que os reels. (Jigs e Reels são dois tipos comuns na música irlandesa, caracterizados pelo compasso 6/8 e 4/4, respectivamente) Há algo que me encanta mais neles, que ainda não sei exatamente o motivo. Talvez porque, para mim, tocá-los nos meus instrumentos sempre acabam soando melhor do que os reels e acho que fica mais fácil realizar um auto-acompanhamento.
Com a minha vontade de estar experimentando com sonoridades nordestinas, comecei a pensar em como essa rítmica típica de um jig pudesse fazer soar como algo que remeta à música nordestina. Após várias tentativas consegui criar algo que achasse válido e interessante. Foi assim que saiu "Velho e Cansado".
Na época eu ainda não tinha bouzouki, apesar de já andar fascinado pelo instrumento, e achava que esta música deveria soar em um, ou ao menos num instrumento de corda dupla! Como isso ainda não era possível, fiz uma arte manha que na minha opinião não ficou tããão boa: eu gravei a melodia com dois violões, para resultar no timbre que eu esperava, algo meio violeiro. Algo, ainda mais que isso, me incomoda também nessa interpretação especificamente que é a falta de 'feeling roceiro' para tocar: acho que não dei valor às acentuações e detalhes de execução, que tornam a música mais cheia de vida. Também não gosto muito da entrada do bandolim. Isso não significa que eu desconsidere tal 'Jig "nordestino"', pois eu o acho maravilhoso e serviu muito para instigar a mim mesmo a desenvolver mais a partir dessa idéia. Acredito que dá para fazer muito com isso, por isso mesmo já fiz e pretendo amadurecer mais nessa questão.
É difícil ver, na tradição musical irlandesa, somente uma música tocada de uma vez e pronto. Há o 'set' de músicas, ou seja, eles tocam várias músicas, uma atrás da outra, sem interrupção, como se fossem todas uma só. E isso é feito de maneira livre, as músicas se encaixam como for da vontade de quem toca. Existem os 'Jig set' (várias jigs tocadas), 'Reel Set', 'Slip Jig (9/8) set' e por aí vai. Resolvi complementar "Velho e cansado" com mais um jig, formando assim um pequeníssimo set de jigs. É o "Corte de cabelo".

'Corte de cabelo' foi feito fora da idéia de 'Velho e cansado', e pensado mais na melodia comum ao jig irlandês. Utilizei o bandolim e banjo realizando a melodia, na repetição a flauta entra. Não sou um bom tocador de tin whistle, mas acho que esta entrada dá um grande up na música, tanto tímbrico quanto energético mesmo. Eu me utilizo, como acompanhamento percussivo, de palmas e o triângulo. Minha intenção com o triângulo não foi forçar um discurso de fusão, mas achei legal usa-lo como acompanhamento e soou bem para mim. Aliás acho que este foi o melhor nome que já dei a alguma música em toda minha vida! hahaha
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Um questionamento que sempre me faço é o que pode soar nordestino sem ser composto pelos clichês estruturais da melodia típica (ex. 1 - 3 - 5 - 7 - 6 - 5 - 7; exemplo este bem óbvio e preguiçoso de pensar em outro). Não que isso seja ruim ou sem validade, claro que não! Porém penso em outros meios para que de alguma forma quem ouça tenha a sensação de estar ouvindo música nordestina. Muitas vezes sinto que não faz sentido eu estar compondo em cima destes clichês, pois eles não irão comunicar nada vindos de mim. É sem dúvidas um caminho difícil, e ultimamente passo por uma crise mais ou menos assim, mas vamos indo que uma hora eu me contento!
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E agora, vamos ouvir a música. Está aí em duas versões: uma na gravação em áudio e outra em vídeo, tocada no Sesc, no Brazil Celtic Festival, com o grupo que faço parte - Água Negra (ainda escreverei sobre). Prefiro muito mais a versão tocada ao vivo (que é como toco hoje em dia)! Com o Bodhran e acordeon, ficou muito melhor, sem dúvidas!! Minha execução também não se compara (agora com Bouzouki, vivaaaa!), acho muito mais interessante! Obs.: no ao vivo não tocamos junto com 'Corte de cabelo', mas sim com um jig irlandês chamado 'Bill Harts', que infelizmente só tem o ínicio no vídeo. Tenho em áudio, posso colocar depois.
Espero que gostem!
 
Velho e cansado/Corte de cabelo by eterno1sonho





   Dúvida: Jig é masculino ou feminino?

domingo, 15 de janeiro de 2012

Energia Interior

Era noite e estava eu no meu bouzouki "malinando" um pouquinho. Era dedo pra lá, dedo pra cá, e nada de sair algo do meu agrado. Minha vontade era, já há dias, criar algo inspirado nas melodias balcanicas. Ótimos cds, como o East Wind (com Davy Spillane e Andy Irvine), que tem um toque de jazz no meio de tudo - recomendadíssimo -, o Sedjanki (do grupo Musica Officinalis), dentre outros, estavam me inspirando a ponto de eternamente faltar pouquíssimo para transbordar. A questão é que isso nunca acontecia! Foi nessa noite, então, que as águas da inspiração teórica e abstrata transbordaram para a concreta e prática realização! Deixando a 'viagem' de lado, foi assim que tudo aconteceu: eu já vinha tentando criar algo nestes moldes havia tempo e estava um pouco frustrado, é verdade, por não conseguir nada agradável (aliás, é como estou agora, mais uma vez). Sentado em minha cama, com o bouzouki em mãos, resolvi começar a tocar improvisando em cima destas sonoridades e climas que eu tanto queria me inspirar.
Eu tenho algo que acho uma vantagem: quando um pedaço da música sai, todo o resto se resolve consequentemente. E foi nessas horas gastas de "brincadeira" que saiu algo que eu achei legal e fui formatando, naquela ansiedade do pensamento "É por aí...". A partir disso todo o resto da música saiu, porque tudo acaba sendo uma derivação do princípio. Como eu já havia falado no post de Smeceno horo, fiz esta música pensando em blocos. Nessa música é mais ou menos isso:
                                              A A' B C D C E (2x)

Nessa música me utilizo de dois bouzoukis (dois mesmo, não é em relação as pistas) e uma flauta. Foi tudo pensado de maneira bem simples, quanto ao arranjo. Um bouzouki está realizando a melodia principal e outro ou oitavando ou fazendo terças ou marcando alguns acordes. Em determinado momento coloco mais um fazendo um acompanhamento, isso acontece na metade da música. Não há muito mistério, tudo se desvenda ouvindo.

Eu gosto da mudança de modos que acontece nessa música, como é comum também acontecer, por ex.: um modo menor no B e um modo maior na C. O bloco D é o B no modo maior, e por aí vai.

Eu não sei até que ponto um búlgaro pode reconhecer os elementos contidos nessa música como sendo da bulgária, por exemplo. Ao mesmo tempo que há referências dessa música, ela soa muito diferente. É como uma criação simulada romanticamente em cima de um princípio: o conceito imaginado da música balcanica. (Vou deixar uma de exemplo aqui - música búlgara tradicional) É assim que sinto soar por exemplo os arranjos do Planxty/Andy Irvine e Donal Lunny (mas, claro, são fantásticos!) 

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Pois bem, aí está a música, deem opiniões!

Energia_interior.mp3 by eterno1sonho

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A afinação DADGAD e Os Dente

DADGAD

Quando eu descobri a afinação DADGAD, através de um livro/cd de Franco Morone (um ótimo violonista e interprete da música irlandesa), fiquei muito animado com as novas possibilidades que tal afinação deixaria em jogo.

(Uma mudança na afinação, que seja até mesmo de uma só corda, no programa de compor (finale, guitar pro..), no instrumento, etc etc.. ou seja, uma mudança na plataforma que abrange os níveis de composição/execução, por menores que sejam, abrem uma gama incrível de possibilidades novas de sonoridades e inspirações! E é por isso que considero importante explorar outros meios aos quais não estamos acostumados a compor).

Aos poucos fui me familiarizando com o DADGAD, até que chegou ao ponto de eu me animar para criar umas coisas nela. Há uma vantagem incrível nesta afinação, pois você tem uma sonoridade bastante aberta, o que facilita, por exemplo, um auto acompanhamento da melodia que você faz - claro, aplicando-se a um determinado tipo de música (por exemplo: a que eu faço). Algo que me incomodou é que o G é a única nota "estranha" à tríade que é definida pela afinação, no caso D. Então resolvi afinar o sol para fá#. Virou um DADF#AD, um D maior (tocando todas as cordas soltas). Gostei muito das sonoridades que tal afinação possibilitou, e uso ela para fazer os acompanhamentos na música irlandesa, pois para mim fica fácil realizar pequenos contrapontos sem me preocupar em fechar acordes certinhos, já que tem muita música em D (e quando é em G, A, Em, só usar capotraste, com as mesmas digitações).
Então, a primeira música que eu fiz usando DADF#AD foi "Os dente".

Os dente - como saiu!

Passei um tempo muito interessado na música nordestina, na verdade com muita vontade de fazer algo soar assim e essa afinação foi essencial para este momento de inspiração (que na verdade dura até hoje), pois é muito fácil fazer uma melodia nela realizando algo característico dessa música: um pedal numa nota fazendo um 'chão' para os pontilhados nas primeiras cordas. Ótimo!
Não me recordo exatamente como o "tema" dessa música saiu dos meus dedos, mas sei que me utilizo do LídioMixolidio e que gosto muito de como ficou. Soa como algo que 'sai mas não sai' do lugar. Fiquei durante uns bons meses somente com a primeira parte da música feita (até 2:32) e sem pretensões de grava-la ainda.

No dia que eu resolvi gravar achei que faltava mais nela, que só até onde estava ainda não era 100%. Por isso, algumas horas antes, criei todo o resto. Eu gosto disso, porque a coisa é meio instantânea, meio na aventura e adrenalina na hora de gravar, não dá tempo de você pensar pelos dias se é melhor mudar, ou pensar em outro arranjo. Aliás, 90% dos meus arranjos são feitos na hora - pois eu que gravo todos os instrumentos, mas na hora de compor é só em um, o resto vou meio que bolando na gravação (ultimamente venho vendo uma certa desvantagem nisso também).

As flautas

Fiz essa música toda no violão e não fazia idéia de como seriam os outros instrumentos. Eu gostei muito do processo de gravação dessa música, pois foi uma surpresa para mim em todo seu decorrer. Quando gravei o violão, coloquei a percussão - e até aí tudo como imaginado. Eu fiquei ouvindo e achei sem graça, pois faltava algo a mais, dava a impressão de que o violão era plano pra algo em cima. Isso é um perigo para qualquer artista: quando ele percebe que o quê o animava minutos atrás não era lá estas coisas, que o resultado não saiu como o esperado! Resolvi pegar uma flauta e ir testando umas coisinhas e vi que funcionou. Eu gravei esta melodia na flauta praticamente no improviso. Dei o REC e fui soprando. Gravei outra para fazer a relação harmônica entre as duas e pronto. É possível ouvir alguns erros nos detalhes delas, mas não ligo pra isso.

As vozes

Ouvindo a segunda parte dela (depois de 2:32) pensei em experimentar com as vozes.. Inicialmente me veio um som de muita gente conversando, com os instrumentos de fundo, algo como uma feira.. mas me soou óbvio demais com a temática sonora da música. O que eu fiz? Dá o REC que o que sair na hora vai se definindo! Usei uma voz para cantar a melodia com "´oóoóôóó" que acompanha a flauta, mas ainda achei seco. E foi aí que me veio uma grande inspiração! Bem curioso com a forma de lidar com as vozes que os ciganos de certas regiões costumam fazer (por exemplo, o excelente grupo da Hungria Kalyi Jag, que conheci através do blog do grande Tiago - junto com toda a música cigana que conheço) resolvi fazer algo parecido também para contrapor a esta melodia. São os "I Êi Êi Êiita êi" e acho que se encaixaram muito bem!

Na hora de cantar a letra não me preocupei com harmônias nas vozes, simplesmente imaginei pessoas cantando e foi o que fiz.
Ah! No final de tudo pedi que meu amigo Ramon gravasse o início como se fosse alguém testemunhando sobre a queda da mulher.

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Enfim, fiquei muito surpreso com o resultado final da música e gostei mais que pensei que ia gostar. Está aí para vocês ouvirem e, claro, darem suas opiniões.

Os dente by eterno1sonho

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Smeceno Horo

Lembro-me até hoje quando ouvi Smeceno Horo na interpretação do grupo Planxty (ainda falarei muito sobre este por aqui). Eu fiquei mesmo impressionado com a beleza que chegou aos meus ouvidos e em questão de poucas horas já havia ouvido umas milhares de vezes. Sempre fui fã do Planxty pelo incrível trabalho de cordas (bandola, bandolim, bouzoukis, violão - além do restante) de pura qualidade contrapontística que eles sempre fizeram nas músicas (ainda falarei muito sobre isto por aqui).
Essa música é um Horo (que é uma dança característica em muitos países) natural da Bulgária e que, pelo que já ouvi falar, esse tipo de música virou "moda" numa época na Irlanda. Não é a toa que se vê Andy Irvine pesquisando e executando várias destas melodias balcanicas (ainda falarei muito sobre isto em próximos posts), Dónal Lunny compondo tunes inspiradas, Paul Brady também executando, e por aí vai... na verdade só sei destes exemplos... Aliás, vocês verão que só sei citar estes três caras o tempo todo, ou seja - ainda falarei muito deles por aqui.
Como é comum de se ver, essa música é dividida em blocos melódicos de certa forma independentes entre si - é como alguma brincadeira de blocos que você vai juntando na ordem que preferir, como queira - só que não são assim tão independentes e aleatórios como exemplifiquei com a brincadeira (esquece mais ou menos aquele exemplo), porque você não monta do jeito que quer (ou pode, ué!) (esquece!). Enfim, dá uma olhada aí na partitura para entender:

Cada bloco está separado pelos ritornelos. Então cada bloco é executado duas vezes, sempre, e é assim que 99% das músicas tradicionalmente são tocadas. 


















Isso acontece também nas músicas irlandesas (ainda falarei muito..), e é algo que concebe outro ritmo, na idéia mais geral, à música. É algo semelhante ao chorinho, que também costuma acontecer isso, mas no chorinho há ainda o tempero especial da improvisação. Há algo que liga estas partes (também na música irlandesa, apesar de que nesta ocorra com mais frequência, e seja mais claro), que são pequenos elementos melódicos nas finalizações de quase todos os blocos. O segundo compasso nesta, por exemplo, é a finalização de quase todas as frases "ten ten tu ten tu ten tun ten tuntun ten tun ten tun ten".
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Meu fascínio por tal música (e consequentemente outras - ainda falarei mais por aqui) me deixou na obrigação de estudá-la e conseguir fazê-la soar nos meus instrumentos. Fato que só me deu coragem quando achei a partitura. Pouco tempo depois resolvi fazer minha versão dela e, como podem ver, é bem inspirada na versão Planxty. (Ainda penso seriamente em regravar ela, dada a evoluções timbrísticas que vieram com grana e tempo)

Smeceno Horo by eterno1sonho

  
E de bônus ta aí um vídeo meu tocando ela no Bouzouki, com alguns erros, mas tá valendo (o que seriam das músicas sem erros? - ainda falarei mais disso por aqui..). Tocar ela sem outros intrumentos não dá tanto aquela energia forte, naturalmente, mas também tem a sua beleza.

Eu tocando Smeceno Horo no Bouzouki

Até a próxima!

Olá!


Olá!
Duas situações foram essenciais para eu resolver criar este blog, em plena meia noite e meia sonífera de uma terça feira, em que o SBT está passando algum documentário 'vida animal' aparentemente da década de 90 hahaha (“Eles não demoram a encontrar este alimento duro e rico em proteína. Os macacos não são os únicos a saborear a refeição”), enfim: 1 – Após bons e gloriosos dias e mais dias de férias, e longe de qualquer compromisso, creio que o tédio pelo qual passo está se transformando em uma perigosa arma em determinados momentos; 2 – Já fazia algum tempo em que eu tentava bolar mais um blog (dos milhões que tenho), mas dessa vez apostando mais um pouco, algo que seja menos um 'caderno de anotações para si mesmo (ou para minha mãe, minha frequentadora no1, sempre! Hahaha)' e daí se torne mais 'mundo, seja bem vindo!'. E há aí um detalhe também: me surgiu uma animadora idéia de escrever sobre a música que ouço, toco, componho e respeito. Acima de tudo respeito (como eu já digo “Essa música não é pra ser ouvida, é pra ser respeitada!”). Minha admiração pela música ultrapassa minhas condições de me expressar neste momento crítico de olhos coçantes de noites mal dormidas e sono esperado... e na verdade não vejo o porque de tentar descrever aos meus imaginários leitores as razões da minha admiração e paixão por tal. Vou tentar levar este blog para frente!, vai depender do meu espírito blogueiro que sofre de Transtorno Maníaco-Depressivo hehehe. Ainda não sei exatamente como vai ser isso aqui, mas a idéia é que eu fale sobre as músicas que tanto ouço (as vezes para o mal humor de quem vive comigo*), que faça algumas análises emotivas/técnicas/melódicas/etc despretensiosas e de uma maneira livre, exponha um pouco da influência das músicas em termo espiritual, físico e, claro, musical, e que também, é claro, não deixe de apresentar minhas composições com um pouquinho de 'blá blá blá blá blá', através de aúdio e, as vezes, vídeo. Eu não tenho muita manha em lidar com blog, então, amigos leitores imaginários, peço um pouco de compreensão! Até breve. (“Estas águas fazem parte de um sistema de pontes e cavernas subterrâneas que chegam até o mar. Os peixes-boi deixam o mar e seguem a corrente de água doce, continente adentro. A água doce é quentinha e eles não resistem à tentação”)

*Daí veio a idéia do nome. Quando eu sei que a música vai encher o saco, fecho a porta do quarto**
** A princípio o nome seria “Words and music” (homenagem ao cd do Planxty de mesmo nome, mas nem é o melhor hehehe)