Lembro-me até hoje quando ouvi Smeceno Horo na interpretação do grupo Planxty (ainda falarei muito sobre este por aqui). Eu fiquei mesmo impressionado com a beleza que chegou aos meus ouvidos e em questão de poucas horas já havia ouvido umas milhares de vezes. Sempre fui fã do Planxty pelo incrível trabalho de cordas (bandola, bandolim, bouzoukis, violão - além do restante) de pura qualidade contrapontística que eles sempre fizeram nas músicas (ainda falarei muito sobre isto por aqui).
Essa música é um Horo (que é uma dança característica em muitos países) natural da Bulgária e que, pelo que já ouvi falar, esse tipo de música virou "moda" numa época na Irlanda. Não é a toa que se vê Andy Irvine pesquisando e executando várias destas melodias balcanicas (ainda falarei muito sobre isto em próximos posts), Dónal Lunny compondo tunes inspiradas, Paul Brady também executando, e por aí vai... na verdade só sei destes exemplos... Aliás, vocês verão que só sei citar estes três caras o tempo todo, ou seja - ainda falarei muito deles por aqui.
Como é comum de se ver, essa música é dividida em blocos melódicos de certa forma independentes entre si - é como alguma brincadeira de blocos que você vai juntando na ordem que preferir, como queira - só que não são assim tão independentes e aleatórios como exemplifiquei com a brincadeira (esquece mais ou menos aquele exemplo), porque você não monta do jeito que quer (ou pode, ué!) (esquece!). Enfim, dá uma olhada aí na partitura para entender:
Cada bloco está separado pelos ritornelos. Então cada bloco é executado duas vezes, sempre, e é assim que 99% das músicas tradicionalmente são tocadas.
Isso acontece também nas músicas irlandesas (ainda falarei muito..), e é algo que concebe outro ritmo, na idéia mais geral, à música. É algo semelhante ao chorinho, que também costuma acontecer isso, mas no chorinho há ainda o tempero especial da improvisação. Há algo que liga estas partes (também na música irlandesa, apesar de que nesta ocorra com mais frequência, e seja mais claro), que são pequenos elementos melódicos nas finalizações de quase todos os blocos. O segundo compasso nesta, por exemplo, é a finalização de quase todas as frases "ten ten tu ten tu ten tun ten tuntun ten tun ten tun ten".
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Meu fascínio por tal música (e consequentemente outras - ainda falarei mais por aqui) me deixou na obrigação de estudá-la e conseguir fazê-la soar nos meus instrumentos. Fato que só me deu coragem quando achei a partitura. Pouco tempo depois resolvi fazer minha versão dela e, como podem ver, é bem inspirada na versão Planxty. (Ainda penso seriamente em regravar ela, dada a evoluções timbrísticas que vieram com grana e tempo)
E de bônus ta aí um vídeo meu tocando ela no Bouzouki, com alguns erros, mas tá valendo (o que seriam das músicas sem erros? - ainda falarei mais disso por aqui..). Tocar ela sem outros intrumentos não dá tanto aquela energia forte, naturalmente, mas também tem a sua beleza.
Eu tocando Smeceno Horo no Bouzouki
Até a próxima!
Super glório, mesmo.
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