Ouvi pela primeira vez este Slip Jig no cd Beyond The Stacks, de Aly Bain & Ale Möller. Este é um álbum mais que indicado para qualquer pessoa, é muito bom do início ao fim. Lembro-me que quando essa música chamou de verdade minha atenção eu estava dentro de um ônibus, era noite, viajando. O fato de estar viajando, ainda mais de noite, potencializou o nível de introspecção que esta música causou hehehe, achei muito bonita mesmo!
Lembro-me que tive a inesquecível oportunidade de ouvir ela ao vivo, com músicos irlandeses, numa session que participei em Kenmare. Foi mágico e o que pude fazer foi parar de tocar o bouzouki e ficar ouvindo... só ouvindo.
Esta música tem 5 partes e a número 4 é a melhor para mim, cria todo um sentido especial para a música. Enfim, esta aí a minha versão usando basicamente um bouzouki. Acho que soou muito bem.
Olá mais uma vez!
Dessa vez vou falar sobre estas duas músicas minhas e que gravei hoje. Obviamente elas estão logo abaixo, para serem ouvidas também!
Como já foi visto em algum post anterior, havia deixado um vídeo tocando Sutil Ausência, mais uma música inspirada nas melodias balcanicas. Acho que estou me viciando nisso, mas também já enjoado um pouco. Quando fiquei pensando em grava-la, achei que talvez uma outra música junto a ela combinaria bem. Resolvi aproveitar uma idéia que eu já tinha havia algum tempo e que sempre achei boa. Fui desenvolvendo e chegou no que nomeei de 'Reflexo', que é a primeira música aí da gravação (as duas são como uma só, no caso, mas são feitas para funcionarem de maneira independente).
Para criar esta música pensei em um "dedilhado" em comum para alguns acordes legais. Logo pensei que uma flauta ficaria bem e bolei uma melodia para ela, que é meio um plano de fundo e meio algo principal. Na segunda vez coloco um outro Bouzouki contrapondo acordes com acordes, o que ficou legal e deu uma certa intensidade na repetição - funciona exatamente para que esta não seja o mais do mesmo. Pedi depois para meu irmão tocar o Didgeridoo para preencher o vazio silencioso por trás disso tudo, e acaba dando um clima a mais que em certo momento você nem ouve mais, mas está lá!
Sutil Ausência é a que realmente tem uma influência balcânica intencional na sonoridade e acho que soa muito bem. Eu me utilizo somente de dois bouzoukis e gosto disso, porque dá uma certa naturalidade e organicidade a música. Na verdade isso é algo que já venho me preocupando há um tempo.. claro que aposto na possibilidade de tocar todas estas músicas em alguma apresentação. E então? Como eu faria isso com tantos instrumentos? Claro que não vivo apegado às gravações, como sendo estas 'verdade absoluta', mas algumas coisas me fazem falta quando estou tocando. Por exemplo, em 'Reflexo' considero a flauta importante e faz falta não tocar ela. Isso vem tendo efeitos conlituosos em mim na hora de gravar, que se resumem basicamente em: Necessidade de preenchimentos e timbres X Praticidade e possibilidades.
Como vocês podem notar, caso tenham visto o meu vídeo tocando Sutil Ausência (posts anteriores), coloquei nela mais uma parte e acho que encaixou muito bem.
No velho esquema, essa música é dividida assim:
A B C D E A B C
Há um quê de raiz na parte E que me agrada bastante. Na verdade, essa agitação toda dessa música me agrada, gosto dessa idéia de dedos não pararem. Aliás, essa música é um pouco perigosa, pois tem muitos ornamentos repetitivos e cansa um pouco o tendão se tocar demais.
Está aí um belíssimo, sensacional, de outro mundo, perfeito slip jig (9/8). Quando ouvi pela primeira vez foi com Michael McGoldrick tocando (aliás, a música é dele) na flauta irlandesa. Depois vi ele tocando com Donal Lunny e foi aí que esta música me invadiu, foi corroendo meus pensamentos, me levando para as regiões leves e sutis, fiquei desligado. Além da beleza suprema dessa música, a interpretação deles dois é demais!
Tratei esta música como um desafio para mim. "Vou tocar ela!" foi o que pensei. Inicialmente quis tocá-la com o bandolim fazendo a melodia, mas po.. essa é uma música para flauta! Indiscutivelmente! Minha preguiça e falta de técnica com flautas me deixaram desanimado, mas resolvi estudar ela. Não toquei na flauta irlandesa transversal, mas na Tin Whistle - o que já não fica tão legal assim, por questões de timbre mesmo. A gravação não está 100%, com varios erros nos detalhes - inclusive um de perca de tempo, coisa doida que só fui perceber depois de mixar ela toda -, mas eu encaro ela como um desafio/diversão realizado e espero que você a encare assim também. Aí vai:
E para concluir, deixo aqui a versão original, a que me tornou a minha vida mais cheia de energia (Primeiro ouça a minha, porque senão não vai ter impacto nenhum deixar ouvir a minha depois hehehehe).
Criei essa música ontem (15 de fevereiro) e fiquei animado com sua sonoridade. Ainda dá para lapidar mais e torna-la melhor em alguns detalhes, de qualquer forma aí vai um vídeo que gravei hoje pela tarde. Usando meu Bouzouki que comprei na Irlanda, com afinação GDAD (aliás, estou começando a preferir esta do que a GDAE) e cordas novas e ressonantes. Ah, é mais uma inspirada nas melodias balcanicas.
Espero que gostem e comentem! Em breve vou gravar e então poderei comentar mais detalhadamente sobre.
Espero que gostem e comentem! Sugestões são bem vindas!
Eu já estava quase indo dormir quando pensei em atualizar isso aqui. Pensei "Deixarei para amanhã..", oras vejam só: são 1:54 da madrugada, oras! "Melhor ir dormir".. ah, quer saber? Tô de férias, não custará nada (só um corpo dolorido pela manhã).
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Hoje vou postar mais uma música minha. Ela surgiu do meu interesse pela música balcanica (já falei disso aqui), até antes da música Energia Interior. Foi minha primeira experiência com essa sonoridade. Eu acho essa música boa e ao mesmo tempo, sei lá, um pouco ingênua, mas no resultado total eu acho que ficou muito bom. Na época eu não tinha Bouzouki nenhum, o que me desagrada o timbre geral da música, meio preso, sem aquele som grave/médio das cordas duplas.
Eu me utilizei do violão e bandolim, na primeira parte, para fazer as melodias e com o acréscimo da flauta (tin whistle), na segunda parte. Acho que o grande saque dessa música, que a torna muito especial para mim, é a "intromissão" surpresa de um fragmento nordestino no meio disso tudo. A coisa está lá acontecendo e então "pá pê pum!". Eu gosto como acontece, aparece causando um bom contraste e então some como se nem tivesse tanta importância. Eu estou tentando cada vez mais em investir nesse tipo de diálogo! Realmente não me lembro de como isso saiu, nem como me veio a idéia, isso já tem um tempo (composta em 12 de Abril de 2011 e gravada no dia 13). Mais uma vez, como quase sempre, foi uma música gravada um dia depois de ter sido composta, eu tenho vontade de regravá-la com alguns ajustes agora, depois que já amadureci mais a interpretação, mas não gosto muito disso. Eu me apego muito facilmente a gravações, a cada detalhe delas. Acho que devo respeitar aquele momento, afinal esta música, e especificamente esta gravação, saiu através de ansiedade, felicidade, tentativas, medo (já perdi edições/mixagens porque o programa deu um erro inexplicável e não deu nem para recuperar o arquivo, então.. refazer tudo) e por aí vai. E quer saber? Eu teria que relembrar tudo de novo como toca essa flauta, que já não lembro e sei que vai me dar trabalho! Deixa como tá, que também tá bom.
O nome veio de uma idéia de juntar Nordeste com Tune, Nordestune hahahaha. O "horo", apesar dessa música não ser um (a não ser que alguém já a tenha dançado heheh) está aí como uma forma de identificação e de homenagem aos horos.
Apesar dos apesares essa música tem um valor intenso para mim.
Gravei hoje mais estes dois jigs: Saddle the pony - jig de duas partes AB - e Kid on the mountain - jig de 5 partes ABCDE. Fiquei feliz com o resultado e acho que vocês também podem gostar.
Saddle the pony começa com o bandolim timidamente e nada demais. Como estou começando a investir no contraponto cada vez mais, coloco depois o Bouzouki fazendo isso, o que dá um gosto especial ao negócio todo! E há também, só para dar um plano de fundo, o violão levemente desafinado.
Em Kid on the mountain, uma das minhas músicas prediletas, tem um maior número de instrumentos, comuns a este tipo de música. Vale lembrar que essa é, acho, a única música que sei tocar na Tin Whistle... e ainda me custou muito gravar! (Gravei com a flauta que Carla me deu na Irlanda, uhuu!) A entrada no banjo, na segunda vez que é tocada, tem todo um charme especial. Dá gosto ouvir os 'triplets' no banjo, fica muito bom! Isso é algo natural na linguagem do instrumento na música irlandesa. Olha que beleza! Eu gravei com meu banjo de 5 cordas, já que não tenho o de 4 - o utilizado normalmente.
Esta foi a primeira música que ouvi de um cd do Planxty. O que me fez buscar por este cd foi o fato de ter visto um vídeo deles no youtube tocando "The Blacksmith" (em breve pretendo gravar minha versão dela). Foi amor à primeira vista! Completamente. Não é a toa que até hoje eu me encho o saco ouvindo esse grupo, depois de tanto tempo, e só falando nele sempre que posso hahaha. Quando eu desvendar todos os segredos planxtyanos e regravar, em minhas versões, todos os seus cds, quem sabe eu paro - com certeza porque até lá já devo estar morto.
Esta é uma música muito bonita e conta a história (pelas minhas traduções tortas) de um rapaz e seu primo, Arthur Mcbride, que se encontram com um sargento e um soldado. O sargento fala sobre eles se alistarem no exercito e conta todas as vantagens consequentes disso. Desconfiados Arthur e seu primo acham que seriam tolos se aceitassem a proposta, pois seriam logo enviados à França e morreriam. Então chutam o 'pau da barraca', atingem o sargento com um cacetete (shillelagh seria isso né?), fazem da caixa (rowdy-dow-dow, que segundo pesquisas é algo barulhento) do soldado uma bola de futebol e acabam com tudo. É por aí. Eu tenho medo de minhas traduções, vai que passo a vergonha e o que a música diz na verdade é "Um soldado e sargento que convencem dois rapazes a se alistarem no exercito"! Acho bem humorada a forma de se contar essa história, que por si só já tem seu ar de graça.
Eu resolvi gravar minha versão tendo a do Planxty como inspiração. Eu já tinha feito o bandolim há anos e anos e ontem resolvi criar um contraponto no bouzouki. Sim, acho que é a primeira música que gravo já nesse pensamento contrapontístico 'Bouzouki x Bandolim e melodias', a lá Planxty mesmo. Acho que ficou muito bom, estou bastante satisfeito com este resultado. O que fiz foi o seguinte: nas duas primeiras estrofes eu fiz um contraponto pré-estabelecido, mas como é bom eu ir exercitando e me desafiando eu deixei as últimas duas estrofes para improvisar essa contramelodia. Ficou bem interessante na minha opinião.
Antes de deixar vocês ouvirem quero avisar que não sou cantor (hoje comecei a pensar seriamente em me utilizar de autotune nas próximas), mas saiu até melhor do que eu pensava em termos de voz, porém não tá perfeito. Ah! Sou um flautista desiludido que ainda tem o sonho de tocar bem, mas deu pra enrolar aí. Acho que as flautas ficaram um tanto desafinadas.. ah, mas deixa pra lá!
Espero que gostem e comentem (já virou meu bordão de despedida isso aqui)
Vou deixar aqui também a versão do Planxty, caso se interessem. (Ah! Há uma versão igualmente bonita de Paul Brady, se eu soubesse cantar como ele eu postaria aqui minha versão da versão dele.. vou pensar se posto só o violão e contar com alguém se dispor a cantar, seria uma boa!)
(Ser mestre não é pra qualquer um não! Viva o Planxty!)
Resolvi gravar esse set de tunes bem conhecidas para quem conhece música irlandesa (acho que na Irlanda já estão de saco cheio de tanto tocar elas). A primeira se trata de um Slide (compasso 12/8) - Merrily Kissed the Quaker - e as outras duas são Jigs (6/8). Não é nada tão bem trabalhado em termos de arranjo, já que a idéia é uma gravação mais descontraída não só para o blog, mas como também para eu me ouvir. Esta é uma das coisas mais importantes que um músico deve manter em prática: ouvir-se sempre! Não digo de ouvir a si mesmo enquanto toca, mas gravar e ouvir como se fosse outro mesmo, pois é acreditem - é outra história quando isso acontece!
Gostei muito do feeling do bouzouki em 'Blarney Pilgrim', uma das que mais gosto!, e do bandolim em 'Lark in the morning'. Algo que ainda não me agrada é como realizo os acompanhamentos.. eles estão lá, mas não do jeito que ainda tenho vontade que estejam. Acredito que realizar um ótimo acompanhamento é mais difícil que tocar a melodia. Estou falando de um acompanhamento que vai além dos acordes chapados na hora certinha, acho que se for assim demais a música fica quadradona e, afinal, a graça está em surpreender com o simples (venhamos e convenhamos não há mistério nenhum na harmonia da música irlandesa tradicional). A palavra é: contraponto! Pode ser também: contraponto improvisado, melhor ainda, bro'!
Aí vai, espero que gostem e comentem!