domingo, 18 de novembro de 2012

When first to this country a stranger I came

Olá!

Descobri essa música ontem, numa incrível e única interpretação do grupo Planxty (o melhor grupo que já existiu). É um vídeo e execução que só a década de 70 mesmo que poderia conceber - na minha opinião foi a época mais rica para a música.

'When first to this country' é uma música americana de uma beleza imensa, seja na melodia ou na letra. "Quando cheguei pela primeira vez nesse país, eu era um estranho/ eu cortejei uma empregada, Nancy era o seu nome". Apaixonado por Nancy, e não tendo seu amor correspondido, o personagem rouba um cavalo (não fica claro na música o porque, mas lendo algumas interpretações e outras versões de letras, o que se entende é que tenha feito isso para impressionar Nancy). Os guardas o perseguem e o capturam. Levam-no para a prisão, raspam o seu cabelo e dão muita porrada ("Bateram-me e me espancaram, e me alimentaram com feijão seco"), até que o personagem deseja, para sua própria alma, nunca ter sido um ladrão. Acho a letra sensacional, não só pela história em si - que carrega um ar tão triste, junto com a melodia -, mas pelas coisas ditas como mostrar que Nancy era uma empregada, que ele andava dia e noite na esperança de vê-la, que fora alimentado por feijões secos, etc.
Há versões da letra que mudam do feijão para um bife, o nome do dono do cavalo roubado (Captain Grey, Captain William White) e alguns detalhes a mais ou a menos. (Acho que estudar o porque da troca de alguns nomes seria interessante. Em parte, é claro, por serem músicas de uma tradição, em seu princípio, oral. Mas porque em uma é o capitão Grey, na outra é William White? Será que tem relação com uma adaptação ao lugar que estava sendo cantado?)


Deixando de falar, aqui está minha versão (Eu uso o clawhammer banjo, bandolim, violão, baixo, bouzouki e voz):


When First To This Country


Deixo também o vídeo do Planxty tocando maravilhosamente:

 



 Abraços, até a próxima!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Lost Indian II

Olá a todos!

Hoje venho com uma música que já apresentei aqui faz um tempo. É Lost Indian, e você pode conferir o post/vídeo que gravei tocando ela aqui. É uma fiddle tune bastante bonita, com uma história interessantíssima. No antigo post, conto resumidamente a história dela. Vou colocar aqui mais detalhadamente: (Retirei essa tradução do blog do amigo do banjo 'O Bardo e o banjo'):

Lost Indian - A Lenda
originalmente tirada de http://www.fiddlerwoman.com/id69.htm

“Existe uma lenda sobre a música “Lost Indian” que remonta aos primeiros dias de navegação pelo rio Mississippi.
Diz a lenda que havia um violinista que tocava para os viajantes dançarem em um barco particular. A primavera chegou e o rio transbordou, levando um monte de sujeira (terra, pedaços de madeira e outras coisas para dentro do rio).

Um dia, o violinista estava tocando uma música, sem nome até aquele momento, quando ele viu um índio lutando para sobreviver agarrado a um tronco de árvore enquanto a correnteza forte o puxava. O índio sabia que ele estava perdendo a luta contra o rio e deu seu grito de morte - um grito estridente pontuado por uma série de gritos que podiam ser ouvidos pelas pessoas no barco e, especialmente, o violinista. O violinista assistiu o índio se afogar e morrer.

O músico ficou tão abalado por aquilo que havia testemunhado que enlouqueceu. Dizem que a única música que ele conseguia tocar depois do incidente era a musica que estava tocando quando viu o índio se afogar. Dizem ainda que quando ele tocava a música acrescentava o choro de morte do índio à melodia.

Hoje a canção é conhecida como “Lost Indian”. Uma parte importante da música é a adição do choro agudo e gritos do índio, que se realiza, com um slide em certos pontos da música.

A música tem viajado por todo os Estados Unidos e Canadá, e fez o seu caminho através dos oceanos. A canção é executada de diversas formas e existem variações sobre a melodia, mas todos incluem o lamento da morte do índio.”

Com essa triste história, seja verdade ou não, como plano de fundo, deixo aqui embaixo a música que, por sinal, ganha ares bem sérios para uma composição tão simples como essa:

  Lost Indian 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

You're bound...

...to look like a monkey when you get old!


Algo como "Você vai parecer um macaco quando ficar velho" (Será que minha tradução está certa?). Ou então "Você corre o risco de parecer um macaco quando ficar velho", enfim.. por aí!

Estou agora na onda do Bluegrass aqui no blog. Na verdade já toco banjo/bluegrass faz um tempo, mas nunca gravei nada e coloquei no blog, pois nunca consegui gravar de maneira satisfatória o banjo - sempre ficava péssima, a captação. Ainda bem que fui aprendendo formas legais de captar e acho que agora está no ponto. Por isso veremos algumas canções desse tipo por aqui, a partir de agora (também estou gravando várias das músicas do meu repertório bluegrass/banjo para fazer um cd e vender junto com minhas performances na rua).

Trago hoje uma canção bem legal e bem divertida. Seu nome: You're bound to look like a monkey when you get old (Ou só 'When you get old'). A letra, em suas diversas versões, fala de como nós nos parecemos com o macaco e como corremos o risco de ficar parecidos com um, na velhice - "Posso dizer que pelo seu cabelo há algo de macaco em algum lugar", "Posso dizer pelo seu rosto que você pertence a raça do macaco" etc. Essa é uma música bem antiga e já li interpretações mais informais (via comentários do youtube) que dizem que a letra é racista, pois se refere dessa forma aos negros. Não consegui encontrar informações concretas sobre a história dessa música, muito menos algo que confirme essas leituras. Aliás, em nenhum momento da música há algum apontamento que esteja se dirigindo aos negros. 

Aí vai, espero que gostem:

When you get old


Também deixo uma versão do Hank Penny, que se aproxima do estilo mais, digamos assim, original:






 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Homem sem fim

Olá, pessoal!

Trago hoje uma música própria - após algum tempo só com arranjos e versões. Fiz essa música no banjo e na voz já faz um bom tempo (1 de out. de 2011). Foi a época que mais estudei banjo na minha vida: havia ganhado no início do ano e passava horas seguidas estudando. Acho que me desenvolvi rápido no instrumento e achei que toda sua sistemática diferenciada ia me fazer desistir em algum momento. Ainda bem que não! Ficar dedilhando no banjo é algo que as vezes hipnotiza e vicia de verdade...!

Na época que eu criei 'Homem sem fim', eu pensei em tocar usando a técnica do Clawhammer, que, na minha opinião, em formatos solo - tocar e cantar ao mesmo tempo - é o que fica melhor, pois dá pra fazer meio que uma melodia e acompanhamento ao mesmo tempo. Porém nessa música acho que tocando dedilhado, no esquema Scruggs mesmo, soou melhor. Sempre gostei muito dessa melodia e letra. Em tom de lamento, é um homem que fala de sua eternidade, conta dos amigos que já teve, das garotas que amou e, sem saber o porque, diz que a morte o esqueceu aqui. É uma letra breve, até porque não sou muito bom de letras e prefiro não arriscar muito, mas acho que fala o bastante.

Nessa gravação eu uso uma formação bem comum nos conjuntos de Bluegrass: violão, baixo, banjo, bandolim e voz. Gostei de como tudo soou, mas peço que quando for ouvir dê um desconto na minha triste voz e cansada de um homem que cantou por toda a eternidade e não sabe mais o que é afinação, hahahaha. Me esforcei para cantar bem.. não saiu perfeito, mas acho que dá pra ter uma ideia de como é tudo. Curta as desafinações aí e use seu auto tune interno, hehehehe.

Espero que goste. Vou deixar a letra abaixo também:

Homem sem fim

Eu não sei da onde vim
e não sei mais quem eu sou 

a morte esqueceu de me levar
eu sou um homem sem fim 


Muitos homens conheci
tantas garotas pude amar
quantas vezes eu sofri
eu sou um homem sem fim
 

Tive amigos que perdi
quanta tristeza eu senti
já não sei mais o que é amar
eu sou um homem sem fim

Não há mais nada que eu possa gostar
são tantos anos, já me esqueci
a vida de todos eu já vivi
e ainda sou um homem sem fim .


Também vou deixar um vídeo das antigas que gravei assim que fiz a música, tocando Clawhammer, voz e barba de mendigo:










Até mais, espero que tenha gostado!

 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Farewell To Whalley Range II - Uma nova versão

Alô!

Hoje estava em umas das minhas tantas animações para estudar flauta. Vi minha flauta irlandesa guardada em seu case, durante tanto tempo... deu aquela vontade de aproveitar o dinheiro gasto e pensei "Vou estudar a sério agora!". Só que, por conta do imenso calor que está, em uma das partes dela uma cola está soltando. Isso quer dizer que não pude nem montá-la. Me contentei com minha Tin Whistle e toquei, acredito eu, a única tune que sei tocar nela no momento: Farewell to Whalley Range. Vou evitar maiores comentários, pois já tenho uma versão dela que gravei. Você pode conferir aqui.

Resolvi fazer um novo arranjo, mais aprimorado e um pouco mais fresco (de frescura mesmo) hehehehe, mas ficou bem bonito - na minha opinião.
Utilizei o violão, bandolim, tin whistle e bouzouki. Fiquei um pouco sentido por não ter usado o bouzouki e, ouvindo depois, acho que ele caberia bem aí no meio. Desculpa, bouzouki... na próxima você estará!

Espero que goste e deixo uma pergunta: de qual versão você mais gostou?


Farewell To Whalley Range

Abraços e até mais! Essa semana ainda posto alguma coisa por aqui! 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Gruncharsko Horo/Baker Dozen

Olá, mais uma vez!

Hoje gravei duas incríveis - sem palavras! - tunes balcânicas. Pude ter a oportunidade e o prazer de ouvi-las no cd 'Rain on the roof', do meu maior ídolo Andy Irvine. Aliás, foi ele que me levou para esse lado balcânico-búlgaro da música, pois sempre faz interpretações maravilhosas e, na minha opinião, com uma beleza muito específica, que me faz preferir suas versões às versões tradicionais. Eu posso me sentir totalmente contente ao estudar músicas como estas. São um verdadeiro desafio, principalmente em relação ao ritmo deslocado.. sinto um prazer único e ao começar a estudar uma música assim não consigo fazer outra coisa durante o dia a não ser ficar tocando e tocando e tocando e tocando e tocando... eu me torno, de fato, um pouco obsessivo. Não tenho culpa, são tunes realmente encantadoras. Há uma energia infinita numa música como essa: as mudanças de modos menores para maiores, realizadas de modo direto; a rítmica frenética; os acentos deslocados; as melodias por si só; a falta de respiração; a convicção natural de certos fraseados, etc etc..

Nestas duas tunes usei o bouzouki, bandolim e percussão. Me divirto tocando percussão com minha técnica primitiva, mas no fim das contas dá algum resultado.
Minha versão está muito diferente da que Andy Irvine toca no seu cd, obviamente a intenção não é deixar tudo igual. Tomo uma como base e levo para frente com as minhas idéias.

Espero que goste e aproveite essas duas belas músicas como eu aproveito:


Gruncharsko Horo/Baker Dozen

Até a próxima! Abraços!

domingo, 14 de outubro de 2012

Bach e uma invenção a duas vozes (no4)

Olá, queridos leitores assíduos do blog (se é que tem)!

Em primeiro lugar, peço desculpas pelo exato um mês de ausência. Eu estava bastante ocupado todo esse tempo e não tive tempo nem de gravar nem de atualizar nada no blog. Estava totalmente dedicado a outros projetos e foi um mês de bastante produtividade, sem dúvidas!

Em segundo lugar, estou trazendo hoje uma música mais que especial: a 'Invenção no4', de um dos maiores compositores de todos os tempos.. Bach! Sempre fui maravilhado pelas composições de Bach, especialmente pelas invenções e fugas. Toda a movimentação criada por ele é incrível! Não quero entrar tanto em detalhes técnicos nem teóricos das suas invenções e fugas, porque não acho que seja interessante para quem lê (você, querido leitor assíduo do blog).

Lembro-me dos meus aniversários de criança, que sempre tinha como trilha musical as músicas de Bach - e era assim com os meus irmãos também -, enquanto eu procurava os presentes escondidos pela casa. Acho que desde então guardei uma admiração sem me dar conta por "João Sebastião". Foi na faculdade, estudando e analisando algumas de suas músicas, que me lembrei que o cara é demais! Então esses dias, anos após minhas análises, resolvi começar a estudar umas composições dele, em versões para meus instrumentos. Suas músicas são universais e se tornam um estudo completo para a técnica e rítmica de qualquer instrumento!
Resolvi gravar essa Invenção a duas vozes (isso quer dizer: duas 'melodias' - pense assim: uma aguda e outra grave - que se contrapõem o tempo todo, numa espécie de diálogo), e fiz isso numa versão para Bandolim e Bouzouki (levemente desafinado numa corda... prometo ficar mais atento a isso na próxima). Espero que gostem e comentem!

Aí vai:

Bach_Invenção no4

Abraços, e até logo! Não vou demorar mais tanto para atualizar isso aqui (é que arranjar uma música para cada post as vezes é complicado, hehehe) 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Hector the Hero

Essa música é fantástica! Mais uma do cd 'Beyond the stacks' (com Aly Bain e Ale Moller). Essa música se tornou a minha predileta, de uns dias para cá. É bastante bonita e, na mesma medida, melancólica. A interpretação de Aly & Ale dessa música escocesa é sensacional e não tem como não sentir nada ao ouvi-la. Em tom de lamento, ela conta (há versões com letra também) a história de Hector MacDonald. Foi escrita por Scott Skinner, um amigo seu. Retirada de um site, aqui está uma breve história de Hector:
 
"MacDonald nasceu na "Black Isle" (Ilha Negra), em 1857, alistou-se na 92 Gordon Highlanders em 1870 e subiu na hierarquia para se tornar um major-general. Ele lutou no Afeganistão, na guerra Sul Africana Boer (não sei bem como traduzir isso) e do Sudão. Em 1903, ele foi acusado de ser homossexual e se suicidou".

Acho muito importante saber a história de uma música. Algo tão triste assim faz sentido, afinal. 

E aqui está a música:


Hector the hero

Abraços e até a próxima! 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Banjo e ruas III - Os guris

.Situação 1
Estava eu no Pelourinho, tocando banjo. Se não me falha a memória, já era lá pelas quatro da tarde e eu ainda não havia recebido muita grana (talvez uns seis reais). Dois gringos se sentaram ao meu lado e, nos intervalos de suas breves conversas, ficavam me ouvindo tocar. Meu banjo soava muito bem e podia ser ouvido a longa distância, mesmo com o barulho de um som alto de algum comércio ao longe. Avistei chegando cada vez mais perto um grupo de mais de trinta guris. Era um grupo escolar. Fiquei meio preocupado, porque uma vez já havia passado por mim um grupo escolar e foi uma barulheira completa de gurizada gritando e falando (não para mim, na ocasião não se tornaram meu público), que tive que parar de tocar por um tempo até eles saírem hahaha. Os guris se aproximaram, me cercaram completamente e, aos berros dos professores "Menino! Cuidado!" "Fica todo mundo aqui!" "Ô menina, deixa o rapaz tocar! Sai!", estava eu fazendo um mini show ao maior público que já pude ter nas ruas. Obviamente alguns guris começaram a pegar no banjo, me pediram para tocar, e eu me esforcei para atender minimamente aos seus desejos curiosos - deixava que tocassem nas cordas, somente, e dizia que o banjo não podia sair de mim - e um ainda dançou num estilo único. Mais uma música começou, e me surpreendeu quando vários guris e gurias começaram a mexer nos seus bolsos e cada um me jogou uma moeda. Cinco, dez, vinte e cinco centavos, nenhum me deu mais que isso. Vinte e cinco centavos para um guri é uma riqueza (dois chicletes e uma bala, se você souber pechinchar) e com tantos centavos que me foram doados fiquei também um pouco rico. No final do dia, ao fechar o case (com todo o dinheiro que ganhara neste dia lá dentro), senti que este estava, quem sabe, quase um quilo mais pesado. "Foi o tanto de moeda que ganhei dos guris" - pensei.

domingo, 2 de setembro de 2012

Mary and the soldier

Olá, pessoal!
Cá estou, dessa vez com uma gravação nova. Fazia um tempinho que postava uma gravação nova por aqui!

Dessa vez trago para vocês uma música mais que especial! Primeiro porque é, na minha opinião, da maior dupla da música folk que já existiu: Andy Irvine e Paul Brady - que apesar de só terem lançado um álbum, este é inesquecível de tão bom; segundo, porque é uma belíssima música (essa frase não poderia faltar).
Eu gravei com Luiza. Como já disse aqui, nós temos um duo chamado Uí Breasail. Apesar de na música ter mais instrumentos do que um duo pode tocar, sim.. ainda somos um duo. A diversão de gravar uma música é pensar nos arranjos mesmo e fazer da melhor forma, gosto disso.
Gostei bastante do resultado! Pensei no violão mais na base, e com a mesma afinação e arranjo tocado por Paul Brady; o bouzouki realiza um "contraponto de harmonia" com o violão; o bandolim faz um contraponto melódico, assim como Andy Irvine (foi quase todo baseado nele) e a flauta entra nas partes instrumentais.
Um resumo da história:

"A canção fala sobre a comum história de uma moça que se apaixona por um soldado e quer lutar ao seu lado na guerra, porém ele acha que é um lugar muito perigoso para ela, e assim a história se desenrola..."

Deem uma ouvida e deixa a opinião nos comentários! Aproveito para pedir que passem pelo blog, para conhecer os outros posts.
Ah! Há um link para a minha página do facebook logo aí ao lado --> Podem se sentir a vontade para adicionar também!
Aí vai:

Mary and the soldier

Abraços e até a próxima! 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A primeira vez que eu vi um Bouzouki pessoalmente


Eu estava na rodoviária, rumo a mais uma viagem para Coité. Para quem não sabe, é a cidade onde vivi até os 17 anos e onde meus pais ainda vivem hoje. Era mais uma ida, que consistia resumidamente numa sequência de acordar cedo e com sono, chegar na rodoviária, comprar passagens, esperar o ônibus,, ligar o mp3, dormir na segunda música, ficar entre um sono e uma vigília zonza e chegar em Coité – sempre com uma dor de cabeça. Dentre todas as etapas eu havia acabado de comprar as passagens. Faltava ainda um tempo, talvez meia hora, para o ônibus chegar, então resolvi passar no supermercado que tem lá mesmo para comprar alguma comida.
Já na fila, com alguma barra de cereal na mão – provavelmente -, tive uma surpresa ao ver um cara alto, com o rosto meio ossudo, com pulseiras imensas e roupas diferentes (roupa de gringo viajante). Não posso ter certeza absoluta da fisionomia do cara, mas é assim que minha memória guardou para si. Porém, o mais importante mesmo era o que ele tinha carregando consigo, além de uma mochilona. Era um case de um instrumento, certamente de cordas, mas com o corpo arredondado. Eu só pude pensar “Será um bouzouki?”. Fiquei ali por vários minutos fitando o instrumento, tentando desvendá-lo através de uma visão raio-x que me fizesse comprovar o que era por dentro do case. O cara foi atendido. Havia comprado um saco de pães e lembro que não havia conseguido colocar na mochila, até que resolveu amassar bem todos e, ainda assim, colocar com um certo esforço. Ele saiu do supermercado. Eu ainda estava na fila e, claro, pensando no instrumento.
Acho que conheci o Bouzouki através do Planxty, tenho quase certeza. Era meio mágico para mim, aquele som meio misterioso: não era violão de 12 cordas, nem bandolim, nem viola... mas tinha um timbre que me levava a pensar nesses instrumentos. Desde então sempre quis ouvir um bouzouki pessoalmente, e quem sabe tocar!
Ao pagar minhas comidas fui andando em direção ao terminal do meu ônibus. E vi logo à minha frente o cara e seu case misterioso. Não poderia mais perder uma chance e falei com ele. “Fala português?”, ele compreendeu o que eu disse, mas percebi que não falava muito bem. Era francês. Perguntei se falava inglês, e ele disse que sim. Falei no meu inglês style, “Que instrumento é esse?” ('Wati instrumenti is dat?' - Não me importo tanto se meu inglês é perfeito em todas as frases, ou se as vezes troco a ordem das palavras – mestre Yoda -, em certos contexto o que importa é que o outro vá catando uma palavra aqui, outra ali, e entenda o que quis dizer mesmo hahahaha – já tive muita conversa filosófica com gente estrangeira assim e deu certo hahaha), “Bouzouki” - respondeu. E para a minha surpresa foi tirando o instrumento do case. Era um modelo grego, belíssimo! Com todos aqueles arranjos mágico que só o bouzouki grego tem. Fiquei maravilhado ao ver o primeiro bouzouki da minha vida, pessoalmente. Falei qualquer coisa como “Hmm, to play irish music.. like a big mandolin!” (“Ahh, para tocar música irlandesa.. como um grande bandolim!”). Ele confirmou e foi colocando o bouzouki no case novamente e foi uma pena não ter tocado nada. Me disse também que tocava flauta e sax. Eu também falei qualquer coisa que não durou muito e dei tchau (“Ok man! We had a great conversation here, oh my god! Hahaha, amazing, man! Very fucking nice, i have to go now! See you on the next, guy! Be careful, Brazil is full of gangsters! Hahaha Ok man, bye” - para quem não entende minhas piadas: eu não falei isso). Sai pensando no bouzouki e durante alguns segundos me veio uma pensamento típico de guri que deseja algo que acabou de ver: imaginei o cara me chamando e falando que o instrumento estava lhe atrapalhando viajar, por ser muito peso e incomodo levar, perguntando se eu não queria ficar com ele e que podia comprar outro quando voltasse para a França. Enfim.. desisti do pensamento, mas não deixei de me divertir em crer vagamente que isso poderia acontecer – e levando um pouco a sério. Lá vinha meu ônibus e tão logo eu estava dormindo com o mp3 ligado, confirmando a seguinte etapa.
Demorou mais ou menos uns três anos para que eu pudesse tocar em um e depois mais alguns meses para que eu pudesse ter não somente um, mas dois belos bouzoukis. Duas felicidades na minha vida!

Novidade - Crônicas

Alô, galera!
Passo rápido para informar que vou colocar no blog uma nova seção que será composta por crônicas de minha autoria. Estarão todas relacionadas com música e, mais especificamente, com experiências minhas.
O blog conta também com páginas de filtro, logo acima da imagem da capa. Então quem quiser ver somente músicas, clica lá. Quem quiser ver somente crônicas, só clicar também. E tem a opção 'Tudo' para quem quiser... (complete) (Resposta no final do post).

É isso aí! Já tem direcionei duas coisas como crônicas para lá (o texto de criação do blog e o post 'Banjo e Ruas', sobre minha mini turnê pelos interiores). Acho que hoje, ou amanhã, ainda posto alguma crônica nova por lá.

Abraços e até logo!

(R: ver tudo)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Naceresö - Mais uma inspirada nos Tuaregs

Alô, alô!
Cá estou com mais uma música. Depois de postar tantos vídeos, tô tentando voltar ao ritmo de gravar e postar músicas novas aqui pra vocês.

Hoje venho com mais um 'Rock dos Desertos'! Como já falei aqui, sempre curti o som dos "Tuareguenses" (hahaha) Tinariwen e Tamikrest. Depois de fazer a 'Zanaretu Ralnatu', sempre fiquei na vontade de fazer mais coisas inspiradas nesse mesmo conceito. Depois de um bom tempo na vontade, acabou saindo 'Naceresö'. Lembrando que é uma língua inventada (veja mais no link ali em cima). A idéia é simular um outro canto, mas estou começando a gostar da idéia de fazer mais músicas - e cantadas em português, quem sabe! Acho que cairia bem, também.
Eu tenho ainda uma leve suspeita de que essa língua inventada não cai tão bem. Fica meio ingênuo e, na minha opinião, engraçado (mas se Christian Vander fez isso, porque não posso também? hahaha). Por ex.: nessa música tem palavras como "Oestopiri" e "Plenitudomar", e acho elas bem engraçadas. Que ***** de palavras são essas? hahaha Como eu já disse no outro post, a letra é escrita em português primeiro, isso significa que elas tem significado.

Essa música fala sobre o amanhecer e o renascimento constante do sol. 'Nasceresö' significa justamente o sol que renasce. Sempre achei muito prazeroso ficar acordado para ver o sol nascer. A primeira vez que isso aconteceu fiquei surpreso quando olhei pela janela e o céu já estava cinza claro, uma cor única. Os primeiro clarões da manhã são ideais para se sensibilizar e sentir, como diz a própria música, a plenitude e todos dentro de si. Deixando um pouco de lado a pressão meditativa, vamos para a música mesmo. Está aí embaixo:
       
Naceresö

Gostei do resultado, mas algo ainda me impede de levar ela 100% a sério. Ainda há uma insegurança misteriosa no ar! De qualquer forma acho válido, e pretendo fazer mais coisas do tipo. Em breve venho com mais!

Abraços e até a próxima!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Spread Thy Wings

Olá!
Fiquei muito ausente do blog, mas já estou vindo com algumas novidades. A de hoje é essa belíssima música (já é um chavão do meu blog isso), que conheci no cd 'Beyond the Stacks' (Aly Bain & Ale Moller). Ultimamente venho pesquisando bastante coisa do companheiro de bouzoukiadas Ale Moller. Sempre achei seus acompanhamentos impressionantes, e custei acreditar que se tratava de um só Bouzouki (ou mandola, que é como ele chama.. isso varia mesmo de como chamar, acho.. aliás o modelo do instrumento dele é diferente, fico bastante curioso pra saber exatamente o porque.. enfim, não vou entrar em detalhes).
Essa música é muito poderosa (outro chavão?). Desculpe-me se sempre acabo repetindo meus comentários, mas não posso deixar de falar estas coisas quando a música merece. Vou concluir, então numa celebre frase: 'Essa música não é pra ser ouvida! É pra ser respeitada!'
"Spread Thy Wings", (algo como "Abra tuas asas") tem uma introdução somente executada pelo Bouzouki, e depois entra com o violino. Com minha "pesquisa" mais a fundo em relação ao estilo de Ale Moller, resolvi tirar a sua versão dessa introdução. Deu no que deu, aí embaixo. Ficou bonito. Não está uma execução perfeita. Ainda falta uma magia nisso aí, mas gravei mais para compartilhar com vocês. Não deixa de ser bonito, ainda assim.
(Dei o cd do Aly Bain e Ale Moller para minha mãe e essa é a música predileta dela).

Spread thy wings

Espero que goste! Comente, compartilhe, etc etc!
Acredito que amanhã tem mais um post novo por aqui.

Abraços!

domingo, 8 de julho de 2012

Banjo e ruas II - Uma mini turnê pelo interior




Alô, alô!
Estava com saudades de escrever coisas maiores no blog, e nada melhor do que fazer isso agora, já que tenho assunto o bastante hehehe.

Como vocês já devem saber, sigo em frente com minha prática de tocar banjo nas ruas. Fiquei um bom tempo sem fazer isso aqui em Salvador nos últimos dias, por conta de tanta chuva.. e me faltou tempo - quando fazia sol. Já vinha com uma vontade de fazer o mesmo por uns cantos do interior da Bahia, com muita curiosidade de como poderia ser tal experiência. Aproveitei minha semanazinha livre e resolvi mandar ver!
Conversei com meu irmão (Tantão) sobre a possibilidade dele me acompanhar, já que viajar com companhia sempre faz bem e eu também precisaria de alguém para registrar essa minha primeira "turnê" hehe. Ele topou e fomos!
Fizemos uma pequena rota: Monte Santo - Euclides da Cunha - Tucano. Três cidades, ao meu ver, bastante diferentes!

A primeira parada foi na cidade de Monte Santo, um lugarzinho pequeno e parado, mas muito bonito - é cercado pela famosa serra religiosa onde a série 'O pagador de promessas' foi gravada. Claro que a primeira atitude foi procurar um canto para almoçar e dormir (um hotel sem travesseiros, ventilador quebrado, banheiro sem luz). Depois que as burocracias da vida foram resolvidas, peguei o banjo e andei pela cidade, em busca de um lugar que eu achasse bom para tocar. Mesmo em plena tarde, meio de semana e comércio aberto, as ruas não pareciam tão movimentadas - um típico cenário tranquilo e meio tedioso de interior, mas sem dúvidas agradável. Fazia um frio bastante prazeroso e caia uma chuva fina. Sentei-me numa das praças e comecei a tocar.
As pessoas pareciam me olhar com desconfiança e as que me viam/ouviam ficavam de longe. Não me importa muito o fato de não receber grana dos outros, isso é só um detalhe (apesar de ser bom haha), e só de saber que eu pude levar até lá algo diferente do rotineiro, já me deixa feliz. A cara de desconfiança das pessoas, em todos os lugares que toquei, vinha disso, acredito eu. Depois dum tempo resolvi ir para outra praça e lá toquei menos, mas tive o prazer de conhecer uns guris que logo se juntaram mais umas pessoas (dentre elas Vavá, que conhecemos no restaurante e conversamos de noite, gente boa). Pude vender 3 cds, pra quê melhor? hahahaha (Uma pena terem sido os únicos 3 que eu tinha levado, eu devia ter me ligado e levado mais...)
(No dia seguinte subimos a serra, uma caminhada bem cansativa, mas bastante prazerosa e divertida).

Acho que o melhor lugar mesmo foi Euclides da Cunha, nosso segundo ponto. Além de ser uma cidade bem bonita e organizada - a mais desenvolvida das três -, as pessoas eram mais abertas. Toquei no centro, no comércio, e foi muito bom perceber a reação das pessoas, tenha sido pelo olhar, pela conversa comigo ou pequenos fatos como, por ex., um senhor ter me dado 2 reais e ele mesmo ter pego o troco de 1,50 no meu case; ou um outro senhor ter me dado 2 reais de moeda e pegar o mesmo valor em cédula; ficou também do meu lado, por um bom tempo, um senhor cheio de tiques e que depois me agradeceu por eu estar ali com meu estudo, simpatia e música (e me pediu 20 centavos pra comprar cachaça). Várias pessoas pararam para falar comigo, qualquer coisa que fosse, e isso pra mim é único! É o que faz valer de fato, pra mim a verdadeira preciosidade de se fazer algo assim.

                                             ("Que viola istranha é essa, sô?")

Em Tucano o que eu mais fiz, de fato, foi comer. Um lugar pequeno, um pouco estranho, é verdade, mas igualmente agradável. O centro é bastante espaçoso e disperso, dificultando concentração de gente. Tirando uma pessoa ou outra sentada na frente de uma loja ou outra, eu só vi moto taxi nas ruas. Não senti a 'energia da emoção' para tocar e resolvi não fazer, influenciado também pelo fato de não aguentar mais levar o maldito e pesado case pra cima e pra baixo. O negócio lá foi: pizza, sorvete, torta, salgados e risadas.


                                    (30 centavos - e eu tocava a música '17 cents')


Depois de passar tanto tempo tocando, descobri que preciso renovar meu repertório.. minha disposição para tocar está passando de 3 horas de duração por tocada, para 1:30.. é o ouvido cansando, precisando de coisa nova hahahaha!

Agora deixo uns vídeos aqui, e espero que vocês gostem!








Abraços e até a próxima!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

I am a pilgrim - um post do tipo "não esqueci do blog"

Olá, pessoal! Deixo aqui, rapidinho, uma gravação que acabei de fazer da música 'I am a pilgrim', que faz parte da tradição americana. É uma bela música!
Estava ouvindo muito ela, na versão do The Byrds (do album 'Sweetheart of the rodeo' - eu recomendo, é um cd e tanto! Muito bom mesmo). Dando um saque nos acordes - os velhos G C D (rapidamente: usam muito como motivo a quantidade de acordes e suas simples relações para julgar a qualidade de uma música, mas quero ver criar uma música com estes três acordes e fazer o negócio sair bom e soando como novidade! Né fácil não hahahahaha) - e dando minha cantada semi-desafinada e no inglês meio enrolado, resolvi gravar aqui, rapidinho. Usei o microfone do computador mesmo e, é claro, deu um tom de disco velho/gravação feita após o fim do mundo, que é todo o charme do negócio. Espero que gostem!

I am a pilgrim

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Vídeo - Bruton Town (Uí Breasail)

Hoje tem mais um vídeo!

Está aí um vídeo do duo que tenho com Luiza, o Uí Breasail. Montamos esse duo tem um tempo já, no início de 2010 (se não me engano). Ficamos parados um tempo e agora resolvemos voltar. Eu sempre gostei dos pequenos formatos folk, que valorizam os simples, mas poderosos, arranjos instrumentais unidos às bonitas harmonias vocais. Nós meio que tínhamos acabado o duo, apesar de não termos oficializado, pelo fato de estarmos montando outro grupo (Água Negra), mas eu sempre pensei duas coisas:

-Sempre quis levar um lado mais folk meu - meu instrumento e minha voz.. porém, minha voz ainda fica devendo muito :( -, para interpretar as canções irlandesas e inglesas, principalmente.
-Luiza tem uma voz belíssima, muito agradável de ouvir, e tem uma facilidade incrível para cantar.


Então resolvemos voltar com o duo e acho que estamos mais maduros e melhores do que antes. Deixo aqui um vídeo da canção inglesa Bruton Town, que é muito bonita e pesada (pela história que conta):

É uma balada tradicional inglesa antiga que data ao menos de 1904, recontando uma história do século XIV. Conta a história de como dois irmãos assassinam um servo que está cortejando sua irmã. Há muitas versões da música que vão por um número de diferentes títulos.

Fica aí o vídeo. Espero que gostem:




Infelizmente o áudio fica pior no meio do vídeo (problemas misteriosos da tecnologia), mas dá pra ter idéia.

Depois vou colocar outros desse mesmo ensaio. Até a próxima!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Vídeo - Lost Indian

Faz tempo que passo por aqui, né?
Tempo pra arranjar coisa nova está difícil, mas acho que vou reunir umas coisas pra ir colocando aqui. Desculpem a ausência toda! Pra não dizer que abandonei o blog vou deixar um vídeo aqui (vídeo = post quase enrolação). É duma belíssima música chamada Lost Indian (resumindo a história que contam: um homem tocava essa música num barco e viu um índio chorar enquanto se afogava, que sem ser ajudado foi levado pelo rio. Depois disso o homem nunca mais conseguiu tocar outra música e deu o nome a ela de "Lost Indian"). Acho uma história - verdadeira ou não - fantástica! Dá um peso e sensibilidade incrível para a interpretação e apreciação da música. Nas maioria das versões alguém sempre imita o choro do índio no meio da música e acho incrível isso! Apesar da música não ter muito um clima e relação que se possa ser feita com a dor de um índio ao se afogar ou com a cena vista pelo homem, acho que essa história me fez ouvir a música de uma maneira muito mais positiva e reflexiva.  

Aí está, espero que goste:



Deixo também essa versão aqui que acho a melhor de todas, pra vocês sacarem o 'choro' do índio, hehehe:

Que coisa mais sutil e bela, não? Acho sensacional essa simplicidade que busca por outras complexidades!

Abraços e até logo!

terça-feira, 8 de maio de 2012

The Rocky Road To Dublin

Essa é uma grande música!
Quando ouvi pela primeira vez pareci não acreditar muito no que ouvia, principalmente pela voz sem freio que parecia que não ia parar nunca, mesmo quando a música terminasse. A dinâmica dela é incrível!  Eu consigo estabelecer uma relação bem clara com as músicas instrumentais de dança irlandesa: os instrumentos não tem respiração (pausa) assim como é a voz aqui. É a típica música que os mais não-familiarizados com a música irlandesa sacam logo que é pra ser dançada, beber, erguer os copos de cerveja etc etc.. não tenho nada contra, mas eu vejo de outro modo. A beleza dela me toca por outro lado muito mais apreciativo, quase meditativo hahahaha!

Sempre tive vontade de cantar isso, mas nunca tive coragem e ousadia para tal ,já que: eu sou um péssimo cantor e minha pronuncia é péssima. O tempo foi passando e resolvi ter coragem de cantar esse trava lingua todo, com um duo que eu tinha com Luiza, o Uí Breasail. (Era um duo que nas nossas gravações se tornava um trio, quarteto, quinteto, e por aí vai.. hehehe).
Acho essa nossa gravação bem legal e até que me sai bem - comecei cantando beeem devagar hehe.. algo que acho engraçado é que, como minha prioridade sempre foi o instrumental, chega num ponto que a voz tá lá no fundo e a flauta, bandolim e cia tão tomando tudo pela frente hahaha.

Aí está:

The Rocky Road To Dublin by Uí Breasail


Acompanhar com a letra é mais divertido: LETRA AQUI (Não sei se é exatamente a mesma versão que cantamos, acho que é!)

Deixo também o imortal grupo Dubliners com sua sensacional interpretação. As acentuações que o cantor Luke Kelly faz são demais.


                       (Algo bem engraçado no vídeo é que Luke Kelly sem querer repete uma mesma estrofe e fica olhando para os companheiros com cara de "o que foi que eu fiz?" "E agora?" Mas dá tudo certo. Vale dizer que The Dubliners foi um grupo que nunca ensaiou, tá no sangue ou não tá? hehehe)

 
Até a próxima!

domingo, 6 de maio de 2012

Vídeo: Blarney Pilgrim no Bouzouki

Olá, pessoal!
Aqui geralmente está assim: passo uma temporada postando com velocidade e depois que minhas munições são todas gastas, fico um tempo ausente. É assim mesmo!

Vou postando hoje, rapidinho, um vídeo meu tocando Blarney Pilgrim, um famoso jig irlandês, no Bouzouki. Espero que gostem!


                           
                     (Tum tem tumtumtumtomteeem tumtum tem temtomtumtemtum...)

Abraços e até a próxima!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Banjos e ruas

Alô, alô!
O post de hoje é dedicado a um instrumento muito querido por mim: o banjo. Acho que ainda não coloquei um post aqui dedicado a ele, e sim.. este faz parte de mais uma das minhas faces musicais.
Meu interesse com o banjo, inicialmente, era tocar música irlandesa.. portanto a idéia era um banjo de quatro cordas. Em meio a tantas pesquisas, fui descobrindo o banjo de cinco cordas e conheci o 'Bluegrass e cia'.. resumindo: a música tradicional americana. Virou desde então mais uma paixão para mim, algo encantador realmente! Ainda assim minha vontade era com a música irlandesa e confesso que até eu ter em mãos um banjo de cinco cordas eu não me interessava em tocar a música americana. Só foi quando eu estava com um para dizer "este é meu!" que eu pensei "Eu tenho, agora preciso aprender!". Pois bem, bastei começar a tirar uma música que isso se tornou um vício. Não é a toa que, de vez em quando, eu sinto falta de sentir as dedeiras nos meus dedos, parece que fazem parte de mim! (E olha que eu resisti a idéia de usar dedeiras no início, por serem bem desconfortaveis)
Comecei estudando o Clawhammer, uma técnica própria e diferente de qualquer coisa que eu já conhecia, e só depois me dediquei ao 'Scruggs Style' (dedilhado com os três dedos). Eu não quero deixar este post grande demais, contando toda minha história de amor com o banjo.. deixa eu falar agora das ruas.
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Sempre achei a idéia de tocar nas ruas sensacional! Era algo que eu sempre tinha vontade de fazer, mas faltava aquela coragem e também certeza que iria fazer um bom som tocando sozinho. Após umas tentativas de fazer parcerias, desisti. Fiquei tocando banjo para mim mesmo e os caras que moram comigo (Tantão e Ramon), e isso acabou dando numa lei que dura até hoje aqui em casa: 'vai tocar banjo? FECHA A PORTA DO QUARTO' (daí o nome do blog hehehe) Após umas pesquisas com artistas de rua, conheci ótimos grupos por aqui no Brasil (por ex.: Conjunto bluegrass porto-alegrense ). Também conheci o músico de rua Wagner C. Junior com seu projeto O bardo e o banjo. Achei perfeito aquilo, pois era algo mais ou menos no formato que eu queria fazer: um banjo, eu e a rua. (Ele ainda usa uma mala e um pandeiro meia lua como percussão). Está aí um belo exemplo do seu trabalho:



                        
               (Vale a pena visitar o seu blog, onde há relatos bem pessoais sobre as aventuras          de se tocar na rua)


Então me encorajei!
Eu tinha uma noção um pouco diferente do que seria tocar na rua, mas claro que a realidade foi melhor. Não imaginei que as pessoas iam parar e puxar assuntos comigo, as vezes nada a ver com o que eu estava fazendo, que velhinhas torceriam para me ver no palco um dia hahaha, que eu faria contatos dos mais diversos... coisas inesperadas aconteceram, e só me deram mais gás para continuar investindo nisso! Já estou há quase 2 meses fazendo isso e quero fazer para sempre, pois até então foi algo muito positivo para mim. São tantas coisas legais que acontecem nestas 2 horas e meia de tocada que penso em abrir uma sessão de 'crônicas' para alguns acontecimentos, hehe, o que acham??

Deixo também um vídeo meu, tocando num dos meus pontos prediletos.

                (Vídeo gravado e muito bem editado por Ramon Coutinho, o cara que também não aguenta me ouvir tocando em casa, mas também sempre ajuda! Valeu! uhu)


Valeu, galera! Até a próxima!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Disparada - Bandolim solo

A música do post de hoje é um pouquinho diferente do meu 'estilo', vamos dizer assim. Estou falando da "Disparada", belíssima música (sempre falo isso) sem dúvidas.

Ouvi uma vez Dudu Maia, um bandolinista brasileiro, tocando esta música com uma introdução de composição própria, até onde eu sei, no seu cd. Sempre fiquei afim de fazer uma versão própria para tocar no meu bandolim. Dessa versão dele eu fui tirando e cheguei na minha, acho que ficou legal para um brasileiro-gringo como eu, que tenta tocar música brasileira hehehe. Também peguei a introdução que ele faz, não só por ser bonita e combinar tanto com a música, mas por eu acreditar ser um ótimo estudo para o bandolim. Acho muito bom como ela se desenvolve, num contínuo auto acompanhamento que se encaixa muito bem. Está aí, espero que gostem:

Disparada


E tem um vídeo no youtube dele tocando bem como eu disse:




E tem aqui outro vídeo dela cantada, como é originalmente, e não menos surpreendente, por Jair Rodrigues. É uma interpretação única, na minha opinião:



Essa semana ainda tem mais um post!

domingo, 22 de abril de 2012

Vídeo - Si Bheag, Si Mhor


Olá, pessoal!
Dessa vez demorei bastante, hein?
Para não dizer que abandonei o blog vou fazer um post quase enrolação aqui, com um vídeo dessa belíssima e encantadora música de O'Carolan. Sintam a magia de 'Sí Bheag, Sí Mhor', tocada no violão.




Deixo aqui também uma versão que gravei da mesma música, há seculos e seculos! Gravei em 2010, com um microfone de computador, por isso tá tudo tão mais chiado que de costume. Eu acho essa versão bem bonita, gosto de como desenvolvi tudo. Ainda pretendo regrava-la! Aí vai:


Si Bheag, Si mhor 
 
Em breve estou trazendo umas boas novidades para o blog, fiquem no aguardo!
Abraços!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Velho e Cansado/Corte de Cabelo - Regravação

Olá!
Meu último post aqui foi justamente se tratando de uma regravação/novo arranjos de um jig meu (basta dar uma olhada aí, para saber mais!). Como eu havia dito, me animei mais com essa idéia de regravar algumas insatisfações. A verdade é que eu sou ansioso em casos de gravação de música e muita vezes a coisa não sai como eu queria. Eu gosto bastante desse pequeno set de jigs, mais até do "Velho e Cansado" e muito principalmente do título do "Corte de Cabelo" - seria esta uma música que eu nunca deixaria de lado só por causa do nome hahahaha! É claro que 'Corte de cabelo' tem sua beleza também, mas eu acho ela um pouco ingenua e meio na brincadeira (Po, fique assim não, eu gosto de você! hahaha).
Como eu já falei aqui, eu tinha umas insatisfações em relação a estas músicas (na verdade com as gravações delas, que estão no post do link). Hoje, levado por esse ânimo consequente da funcionalidade de regravações, eu resolvi regravar elas!
Ficou melhor? Sim! Acrescentei uma parte com flauta na 'Velho e cansado' e acho que coube muito bem. (Um segredo: não sou o maior flautista do mundo, só enrolo! Depois de ter gravado a flauta eu não estava muito contente com minha interpretação, faltava feeling mesmo, groove, seja lá o que queiram dizer... afinal é uma melodia bem rápida, e até que eu pegasse a manha na flauta 100% como eu queria... seria em questão de meses, anos! O que eu fiz foi gravar ela metade do tempo, ficando com certeza mais fácil de dar meus acentos e pontuações etc etc, e depois acelerei. Faz parte..). Como já falei no post do link ali, não vou precisar falar tanto a respeito do meu processo com estes jigs. Convido-lhe a acessar o link e dar um saque. Aliás seria ótimo ouvir sua opinião:
Qual versão você acha melhor?

Agora aí vai a nova versão:

Velho e cansado/Corte de cabelo

Convido-lhe também a visitar os outros posts do blog e espero que goste tanto quanto gosto de fazer isso aqui!

Abraços e até a próxima!

terça-feira, 27 de março de 2012

Pronto para seguir

Cá estou mais uma vez com uma 'nova-velha' música. 'Nova-velha' porque é uma música que eu já tinha gravado há muito tempo, mas algo na gravação (e não na música em si) não estava me agradando. Hoje tomei coragem e fiz uma coisa que não gosto muito (mas acho que estou aprendendo a gostar): regravei.
'Pronto para seguir' é um Jig Nordestino, ou seja, uma música com sonoridade nordestina no feeling dos jigs irlandeses - compasso 6/8. Seria talvez muita audácia minha dizer que é um jig só por causa do compasso, não? Ou talvez dizer que tem uma sonoridade nordestina só porque em certo ponto me utilizo do mixolídio, não?
Enfim, eu mesmo estou nomeando esse estilo de Jig Nordestino porque foram duas coisas que tive em mente na hora de compor e, consequentemente, vai soar assim para mim. De qualquer forma é possível, sim, perceber o clima irlandês /nordestino aí, seja na estrutura, nos timbres, no sotaque instrumental, etc.. Aliás já tenho um post falando sobre o Jig Nordestino com outra música minha.
Estou usando nessa gravação: dois bouzoukis, banjo, bodhran e a tin whistle. Eu sinto que essa música começa inocente, um só instrumento, melodia muito simples e até repetitiva, mas acho que ela começa a tomar um rumo muito bonito e cheio de energia! Sim, eu sinto muita energia nessa música, algo que talvez não estivesse consciente no momento da criação. Eu a descobri mais ouvindo do que criando.
Para mim as duas partes finais são as melhores, pela beleza da melodia. Tem um 'quê' de bastante introspectivo e nostálgico nelas, não sei o porque! Enfim, fiquei feliz em estar errado quanto a idéia de regravações, pois valeu mesmo a pena fazer isto!

Pronto para seguir

Não sei se coloco a primeira versão dessa música aqui, posso fazer isso qualquer dia desses se for do interesse de alguém.

Até a próxima!

sábado, 24 de março de 2012

O olho que chovia

Hoje vou falar de uma música que fiz faz tempo - se não me engano em 2009.
É uma música curta e na verdade não tem muito o que falar. Eu não lembro exatamente o que me fez compo-la e nem o que pensei. Ouvindo, atualmente, eu a acho bem simples, humilde e bonita. O som da chuva dá um certo tom de nostalgia e paz, afinal existe coisa melhor que tocar violão com uma trilha de fundo natural como essa? Eu sinto também um 'clima', uma energia de medievalismo nela, principalmente na parte em que entram as flautas.
Gosto muito da parte em que faço o dedilhado nos harmonicos. Eu realmente, dentro de uma visão de 'um eu do passado que já não sou mais eu', achei uma sacada e tanto, e juntar este som aos sapos deu um resultado muito legal!
Algo bastante curioso é que gravei esta música toda utilizando um simples microfone de computador:


Exatamente esse! E vou lhe dizer: poucas vezes fiz gravações tão boas quanto as que já fiz com esse bicho ai! (ok, exagerando um pouquinho hehehe) Mas, me digam, não é mesmo impressionante a qualidade de gravação, levando em conta esse microfone com aparência tão inofensiva? Na época eu não tinha  os equipamentos de hoje (ainda humildes, mas melhores!), e gravava tudo com ele. Eu realmente estou pensando em comprar mais um desses - o outro quebrou :( - e fazer um mix entre meus microfones, acho que ele pega umas frequências bem legais e com ótima qualidade!
Ainda pretendo remixar esta música, e tenho certeza que a qualidade ficará ainda melhor! Viva esse microfone de computador!

Aí esta a música:


O olho que chovia

Espero que gostem e comentem!
Abraços e até a próxima!

sexta-feira, 23 de março de 2012

Novo visual

Alô! O blog está de visual novo, gostaram? Fiquem livres para dar opiniões, é importante para mim, um humilde e sem muita experiência com blogs. A arte é de Artur Rios (Tantão!). Aqui está o blog dele http://artur-rios.blogspot.com.br  vale a pena visitar, lá ele diz muito brevemente como fez o desenho (do topo!) e tem várias das suas obras!
Ultimamente está um pouco complicado postar coisas aqui com tanta frequência como antes (tem horas que falta o que gravar, o repertório vai acabando e a inspiração tem seus altos e baixos hehehe), mas logo logo eu estou colocando coisa nova aqui!
Enquanto isso dá uma passeada pelo blog e me diz o que achou!

Abraços!

Segundo post sem música nenhuma ;(

sábado, 17 de março de 2012

Zanaretu Ralnatu - um pouco dos tuaregs...

Hoje vou falar dos Tuaregs, ou melhor, da música deles e de como me inspirei para criar uma nesse mesmo esquema.
Conheci o fantástico grupo Tinariwen através do blog de Tiago, e fiquei encantado após algum tempo de ouvida. Confesso que de início não tive muita paciência para ouvir, mas isso é normal, faz parte de cada momento. Foi somente quando tive calma que tive o prazer de aproveitar toda essa sonoridade tão orgânica e verdadeira. Não demorou muito para que eu procurasse por outros albuns e bandas. Descobri outro grupo muito bom também, chamado Tamikrest (é, lá parece que é tudo com 'T'!). Vale a pena ouvir e conhecer!
Para começar já é instigante pensar em pessoas que vivem no deserto, que tem uma origem nomade, em camelos, com todos aqueles lenços no corpo, de pele azulada e por aí vai, imagina então eles fazendo uma música tão distinta com guitarras! Me perguntei por muito tempo como é que eles ligavam os amplificadores e instrumentos elétricos no meio do deserto, hehehehe.. mas é claro que hoje já não são tão nomades como seus antepassados.
Então eu resolvi liberar o meu lado rock n' roll dos desertos e fazer uma música neste mesmo pensamento! Se chama Zanaretu Ralnatu, e isso, dentro da minha tradição de 'tuareg de apartamento' não é exatamente um título de música, mas sim um nome para o que a música quer dizer... por exemplo, há outra música minha (com parceria do meu irmão) que também se chama Zanaretu Ralnatu. Vou explicar um pouco da onde vem tudo isso..

Eu e meu irmão tínhamos um projeto de recriar um ambiente musical, como se fosse parte de uma cultura imaginada (apesar de não ter sido formatada por nós... nem sabemos que cultura seria essa). Na verdade a proposta inicial era tocar o que desse vontade, daí veio o nome do projeto 'Selvageria', sem combinarmos nada... era pegar e tocar. Mas eu, com minhas inspirações etnomusicologicas, comecei a criar uns temas já com esse pensamento de ambiente musical imaginado, e isso, é claro, fez com que meu irmão desanimasse hahahaha.. enfim, gravamos umas boas músicas, apesar de tudo! Aqui vai, por exemplo, um Zanaretu Ralnatu:
 
Zanaretu Ralnatu

Um dos princípios disso tudo era cantar numa língua própria. Como inventar uma língua é bastante trabalho para um simples 'projeto de verão', nós fizemos o seguinte: essa língua é uma embaralhação das palavras em português com algumas modificações ao nosso gosto. Então sim, as letras tem significado, pois foram escritas em português antes. (Para se divertir: tente descobrir o que significa Zanaretu Ralnatu, fácil hein?)

Resolvi aproveitar essa língua para a minha canção tuareg, justamente para dar esse tom de estranhamento e não pertencimento a nada brasileiro (o que seria interessante também, não estou descartando a idéia). O resto todo foi pensado instintivamente, de acordo com minhas análises de ouvinte com os grupos que conheci. Aí vai:

Zanaretu Ralnatu

Eu acho que o resultado ficou muito legal, é uma canção bem bonita e poderosa! (Sugestão: ouvir com fone sempre é melhor, diga não a caixinhas de computador).

Deixo aqui também um vídeo do Tinariwen:



Até a próxima!


(Ah! Em breve vou fazer uma reformulação do visual do blog, gostaria da opinião de vocês)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

An Phis Fhliuch (O'Farrel's Welcome To Limerick)

Ouvi pela primeira vez este Slip Jig no cd Beyond The Stacks, de Aly Bain & Ale Möller. Este é um álbum mais que indicado para qualquer pessoa, é muito bom do início ao fim. Lembro-me que quando essa música chamou de verdade minha atenção eu estava dentro de um ônibus, era noite, viajando. O fato de estar viajando, ainda mais de noite, potencializou o nível de introspecção que esta música causou hehehe, achei muito bonita mesmo!
Lembro-me que tive a inesquecível oportunidade de ouvir ela ao vivo, com músicos irlandeses, numa session que participei em Kenmare. Foi mágico e o que pude fazer foi parar de tocar o bouzouki e ficar ouvindo... só ouvindo.
Esta música tem 5 partes e a número 4 é a melhor para mim, cria todo um sentido especial para a música. Enfim, esta aí a minha versão usando basicamente um bouzouki. Acho que soou muito bem.
Espero que gostem e comentem!


Ah! Aproveita e dá uma volta pelo blog!

   

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Reflexo/Sutil Ausência

Olá mais uma vez!
Dessa vez vou falar sobre estas duas músicas minhas e que gravei hoje. Obviamente elas estão logo abaixo, para serem ouvidas também!

Como já foi visto em algum post anterior, havia deixado um vídeo tocando Sutil Ausência, mais uma música inspirada nas melodias balcanicas. Acho que estou me viciando nisso, mas também já enjoado um pouco. Quando fiquei pensando em grava-la, achei que talvez uma outra música junto a ela combinaria bem. Resolvi aproveitar uma idéia que eu já tinha havia algum tempo e que sempre achei boa. Fui desenvolvendo e chegou no que nomeei de 'Reflexo', que é a primeira música aí da gravação (as duas são como uma só, no caso, mas são feitas para funcionarem de maneira independente).
Para criar esta música pensei em um "dedilhado" em comum para alguns acordes legais. Logo pensei que uma flauta ficaria bem e bolei uma melodia para ela, que é meio um plano de fundo e meio algo principal. Na segunda vez coloco um outro Bouzouki contrapondo acordes com acordes, o que ficou legal e deu uma certa intensidade na repetição - funciona exatamente para que esta não seja o mais do mesmo. Pedi depois para meu irmão tocar o Didgeridoo para preencher o vazio silencioso por trás disso tudo, e acaba dando um clima a mais que em certo momento você nem ouve mais, mas está lá!

Sutil Ausência é a que realmente tem uma influência balcânica intencional na sonoridade e acho que soa muito bem. Eu me utilizo somente de dois bouzoukis e gosto disso, porque dá uma certa naturalidade e organicidade a música. Na verdade isso é algo que já venho me preocupando há um tempo.. claro que aposto na possibilidade de tocar todas estas músicas em alguma apresentação. E então? Como eu faria isso com tantos instrumentos? Claro que não vivo apegado às gravações, como sendo estas 'verdade absoluta', mas algumas coisas me fazem falta quando estou tocando. Por exemplo, em 'Reflexo' considero a flauta importante e faz falta não tocar ela. Isso vem tendo efeitos conlituosos em mim na hora de gravar, que se resumem basicamente em: Necessidade de preenchimentos e timbres X Praticidade e possibilidades.
Como vocês podem notar, caso tenham visto o meu vídeo tocando Sutil Ausência (posts anteriores), coloquei nela mais uma parte e acho que encaixou muito bem. 
No velho esquema, essa música é dividida assim:
                                                       
                                                  A B C D E A B C

Há um quê de raiz na parte E que me agrada bastante. Na verdade, essa agitação toda dessa música me agrada, gosto dessa idéia de dedos não pararem. Aliás, essa música é um pouco perigosa, pois tem muitos ornamentos repetitivos e cansa um pouco o tendão se tocar demais.

Está aí! Espero que gostem e comentem!!

Reflexo/Sutil Ausência 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Farewell to Whalley Range

Está aí um belíssimo, sensacional, de outro mundo, perfeito slip jig (9/8). Quando ouvi pela primeira vez foi com Michael McGoldrick tocando (aliás, a música é dele) na flauta irlandesa. Depois vi ele tocando com Donal Lunny e foi aí que esta música me invadiu, foi corroendo meus pensamentos, me levando para as regiões leves e sutis, fiquei desligado. Além da beleza suprema dessa música, a interpretação deles dois é demais!
Tratei esta música como um desafio para mim. "Vou tocar ela!" foi o que pensei. Inicialmente quis tocá-la com o bandolim fazendo a melodia, mas po.. essa é uma música para flauta! Indiscutivelmente! Minha preguiça e falta de técnica com flautas me deixaram desanimado, mas resolvi estudar ela. Não toquei na flauta irlandesa transversal, mas na Tin Whistle - o que já não fica tão legal assim, por questões de timbre mesmo. A gravação não está 100%, com varios erros nos detalhes - inclusive um de perca de tempo, coisa doida que só fui perceber depois de mixar ela toda -, mas eu encaro ela como um desafio/diversão realizado e espero que você a encare assim também. Aí vai:

 

E para concluir, deixo aqui a versão original, a que me tornou a minha vida mais cheia de energia (Primeiro ouça a minha, porque senão não vai ter impacto nenhum deixar ouvir a minha depois hehehehe).
Veja como essa música e estes caras são demais!






quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Vídeo - Sutil Ausência

Criei essa música ontem (15 de fevereiro) e fiquei animado com sua sonoridade. Ainda dá para lapidar mais e torna-la melhor em alguns detalhes, de qualquer forma aí vai um vídeo que gravei hoje pela tarde. Usando meu Bouzouki que comprei na Irlanda, com afinação GDAD (aliás, estou começando a preferir esta do que a GDAE) e cordas novas e ressonantes. Ah, é mais uma inspirada nas melodias balcanicas.
Espero que gostem e comentem! Em breve vou gravar e então poderei comentar mais detalhadamente sobre.



Espero que gostem e comentem! Sugestões são bem vindas!

Abraços e até logo!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Nordestune Horo

Eu já estava quase indo dormir quando pensei em atualizar isso aqui. Pensei "Deixarei para amanhã..", oras vejam só: são 1:54 da madrugada, oras! "Melhor ir dormir".. ah, quer saber? Tô de férias, não custará nada (só um corpo dolorido pela manhã).
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Hoje vou postar mais uma música minha. Ela surgiu do meu interesse pela música balcanica (já falei disso aqui), até antes da música Energia Interior. Foi minha primeira experiência com essa sonoridade. Eu acho essa música boa e ao mesmo tempo, sei lá, um pouco ingênua, mas no resultado total eu acho que ficou muito bom. Na época eu não tinha Bouzouki nenhum, o que me desagrada o timbre geral da música, meio preso, sem aquele som grave/médio das cordas duplas.
Eu me utilizei do violão e bandolim, na primeira parte, para fazer as melodias e com o acréscimo da flauta (tin whistle), na segunda parte. Acho que o grande saque dessa música, que a torna muito especial para mim, é a "intromissão" surpresa de um fragmento nordestino no meio disso tudo. A coisa está lá acontecendo e então "pá pê pum!". Eu gosto como acontece, aparece causando um bom contraste e então some como se nem tivesse tanta importância. Eu estou tentando cada vez mais em investir nesse tipo de diálogo! Realmente não me lembro de como isso saiu, nem como me veio a idéia, isso já tem um tempo (composta em 12 de Abril de 2011 e gravada no dia 13). Mais uma vez, como quase sempre, foi uma música gravada um dia depois de ter sido composta, eu tenho vontade de regravá-la com alguns ajustes agora, depois que já amadureci mais a interpretação, mas não gosto muito disso. Eu me apego muito facilmente a gravações, a cada detalhe delas. Acho que devo respeitar aquele momento, afinal esta música, e especificamente esta gravação, saiu através de ansiedade, felicidade, tentativas, medo (já perdi edições/mixagens porque o programa deu um erro inexplicável e não deu nem para recuperar o arquivo, então.. refazer tudo) e por aí vai. E quer saber? Eu teria que relembrar tudo de novo como toca essa flauta, que já não lembro e sei que vai me dar trabalho! Deixa como tá, que também tá bom.
O nome veio de uma idéia de juntar Nordeste com Tune, Nordestune hahahaha. O "horo", apesar dessa música não ser um (a não ser que alguém já a tenha dançado heheh) está aí como uma forma de identificação e de homenagem aos horos.
Apesar dos apesares essa música tem um valor intenso para mim.

Aí vai ela, espero que gostem e comentem!
Nordestune Horo by eterno1sonho

De bônus aí vai um vídeo meu tocando a primeira parte dela, pois a segunda sem a flauta não tem graça.


    (É duro ser um autocinegrafista, não deu pra ver se a câmera estava bem enquadrada,   então espero que gostem de ver minha mão direita)

Também convido você a ver os outros posts e dar uma passeada pelo blog. Até a próxima!